Por Cleide Gama
Cesta Básica: Recentemente, vídeos circulando na internet mostram produtores rurais descartando toneladas de frutas e verduras, alegando preços insustentavelmente baixos. Essas imagens contrastam fortemente com o discurso de bolsonaristas sobre a alta nos preços dos alimentos, levantando questões sobre as práticas do agronegócio e suas consequências para a sociedade brasileira.
Nos vídeos, produtores justificam o descarte como uma estratégia para manipular a oferta e a demanda, criando escassez artificial e, assim, elevando os preços. Essa prática não apenas desperdiça alimentos em um país onde a insegurança alimentar ainda é uma realidade para muitos, mas também evidencia uma contradição: enquanto o consumidor final enfrenta preços elevados, os produtores reclamam de remuneração insuficiente.
O agronegócio brasileiro, frequentemente beneficiado por políticas governamentais como perdão de dívidas e juros subsidiados através do Plano Safra, enfrenta críticas por preferir descartar alimentos em vez de vendê-los a preços mais acessíveis ou doá-los para instituições de caridade e escolas. Nas redes sociais, muitos questionam a ética dessas ações, especialmente considerando os subsídios e incentivos recebidos do governo.
Em contraste, movimentos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e agricultores familiares têm adotado práticas diferentes. Durante a pandemia de COVID-19, o MST distribuiu milhares de toneladas de alimentos para comunidades carentes, demonstrando um compromisso com a solidariedade e a segurança alimentar. A agricultura familiar, responsável por uma parcela significativa dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, destaca-se por práticas mais sustentáveis e uma conexão direta com o consumidor final.
Empresários do agronegócio defendem que o descarte é uma medida necessária diante da desvalorização dos produtos e dos altos custos de produção. Já consumidores e organizações sociais veem a prática como um desrespeito, especialmente em um país com tantas pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar.
O professor Evandro Brasil, conselheiro de segurança alimentar no município de Duque de Caxias, comenta: "O desperdício intencional de alimentos é uma afronta à dignidade humana e evidencia a necessidade de políticas públicas que regulem práticas abusivas no setor agrícola. É imperativo valorizar e apoiar a agricultura familiar, que tem se mostrado comprometida com a alimentação do povo brasileiro."
A situação atual exige uma reflexão profunda sobre as práticas do agronegócio e a implementação de políticas que incentivem a distribuição justa e responsável dos alimentos. Fortalecer a agricultura familiar e movimentos como o MST pode ser uma alternativa viável para garantir a segurança alimentar e combater o desperdício no Brasil.
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