Foto de Arquivo: José Aprígio da Silva (Podemos), ex-prefeito de Taboatão da Serra (SP) |
Por Marcos Vinícius
São Paulo: A política de Taboão da Serra foi abalada por um escândalo que envolve um suposto atentado forjado contra o ex-prefeito José Aprígio da Silva (Podemos). Segundo a Polícia Civil, o ataque, ocorrido durante a campanha eleitoral de 2024, teria sido uma encenação para impulsionar sua reeleição. A Operação Fato Oculto, deflagrada nesta segunda-feira, resultou em prisões e apreensões que reforçam essa tese.
De acordo com as investigações, o atentado teria sido planejado por aliados do ex-prefeito, que contrataram criminosos para simular um ataque a tiros. A polícia suspeita que o plano não saiu como esperado, pois os disparos acabaram atingindo Aprígio, o que reforçou ainda mais a dramaticidade da situação.
A operação realizada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil cumpriu mandados de prisão preventiva e busca e apreensão. Entre os alvos estavam ex-secretários municipais e o irmão de Aprígio, Valdemar Aprígio, que foi preso por posse ilegal de arma de fogo. As buscas na residência do ex-prefeito resultaram na apreensão de R$ 320 mil em espécie, além de celulares, computadores e munições.
O delegado responsável pelo caso, Hélio Bressan, apontou que uma delação premiada foi fundamental para desvendar a suposta farsa. Os investigadores destacaram que, no dia do atentado, Aprígio circulou por diversas áreas abertas antes do ataque, o que contraria a lógica de um atentado planejado por terceiros.
Outro ponto levantado foi a reação de sua equipe logo após o crime: ao invés de prestar socorro imediato, começaram a filmar os ferimentos do ex-prefeito. Além disso, a escolha de um fuzil AK-47 para o suposto ataque teria sido uma estratégia para tornar a encenação mais convincente.
A investigação também aponta que os criminosos contratados teriam recebido R$ 500 mil para simular o crime, embora o valor ainda esteja sob apuração.
A defesa de Aprígio nega todas as acusações. O advogado Allan Mohamed insiste que seu cliente é vítima e que houve uma inversão dos fatos. “Ele sofreu um atentado real e quase perdeu a vida”, declarou. No entanto, ele não comentou os indícios levantados pela polícia e afirmou que a investigação ainda corre sob sigilo.
O atual prefeito de Taboão da Serra, Engenheiro Daniel, que venceu Aprígio no segundo turno, afirmou que sempre suspeitou da farsa. “Eu sabia que a verdade viria à tona. Foi um golpe baixo contra a democracia e contra a cidade.” Ele também relatou que sua família sofreu ameaças e que, durante o período eleitoral, evitava sair de casa por medo de represálias.
O caso gerou grande repercussão entre a população e especialistas políticos. O cientista político Ricardo Almeida avalia que o suposto atentado, se comprovado como encenação, representa um dos episódios mais graves de manipulação eleitoral no Brasil. “Se um candidato realmente simulou um atentado para ganhar votos, isso demonstra um nível de degradação moral inaceitável na política.”
Nas redes sociais, internautas se dividem entre incredulidade e indignação. “Se isso for verdade, é o cúmulo da manipulação política”, comentou um usuário no X (antigo Twitter). Já apoiadores de Aprígio defendem sua inocência e alegam perseguição política.
A investigação ainda busca determinar se Aprígio estava diretamente envolvido no planejamento do suposto atentado ou se a fraude foi articulada por aliados sem seu conhecimento. Enquanto isso, a cidade de Taboão da Serra continua sendo palco de um dos escândalos políticos mais polêmicos dos últimos anos.
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