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| Apreensão de armas de guerra vem crescendo em várias regiões de Brasil |
Por Marcelo Procópio
O Brasil vive um momento alarmante no combate ao tráfico de armas. Somente no estado do Rio de Janeiro, as forças de segurança apreenderam mais de 600 fuzis desde o início do ano — o maior número já registrado em um mesmo período, segundo dados da Polícia Civil e da Polícia Militar.
As apreensões recordes refletem uma realidade preocupante: o aumento do poder bélico das facções criminosas e milícias, que atuam em diferentes regiões do país e têm acesso a armamentos de alto calibre, muitos deles de uso restrito das Forças Armadas.
Armas de guerra nas mãos do crime
De acordo com as investigações, muitas das armas apreendidas são de fabricação estrangeira, mas uma parte crescente vem sendo produzida em oficinas e fábricas clandestinas instaladas em território nacional. Essas estruturas ilegais têm sido descobertas não apenas no Rio, mas também em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná e Bahia.
Essas fábricas operam com equipamentos de precisão e impressoras 3D, capazes de montar fuzis e pistolas a partir de peças avulsas, o que dificulta o rastreamento e favorece o comércio ilegal. “É uma nova fase do crime organizado, que já não depende apenas do contrabando. Agora, produz suas próprias armas”, explica um delegado da Divisão de Armas, Munições e Explosivos (DAME), sob condição de anonimato.
Operações integradas e inteligência policial
A Polícia Federal e as Secretarias Estaduais de Segurança Pública têm intensificado operações conjuntas com apoio da Força Nacional e da Receita Federal, que monitora rotas de entrada de armamentos e insumos via fronteiras terrestres e portos marítimos.
Somente nos últimos três meses, foram desmanteladas 11 fábricas clandestinas em diferentes estados e apreendidos milhares de componentes utilizados na montagem de fuzis automáticos.
O secretário de Segurança do Rio, Victor Santos, destacou que a apreensão de 600 fuzis é “um marco positivo, mas também um alerta sobre a dimensão do problema”. Segundo ele, a maior parte dessas armas estava destinada a grupos ligados ao tráfico de drogas e milícias armadas na capital e na Baixada Fluminense.
Rota do crime e desafios da repressão
As investigações indicam que parte das armas entra no Brasil por rotas que passam pelo Paraguai e Bolívia, com destino final aos grandes centros urbanos. Outra parcela, segundo os órgãos de segurança, é montada em oficinas locais e vendida pela internet, usando plataformas clandestinas e criptomoedas para dificultar o rastreamento financeiro.
Especialistas alertam que o avanço do armamento pesado no país exige uma ação coordenada de inteligência, controle de fronteiras e rastreamento tecnológico. “O crime evoluiu, e o Estado precisa evoluir junto. A guerra das armas não se vence apenas com apreensões, mas com investigação e controle de origem”, afirma o sociólogo Rafael Almeida, especialista em segurança pública.
Governo busca endurecer leis
O Ministério da Justiça anunciou que está elaborando um pacote de medidas para endurecer a fiscalização e punir a fabricação clandestina de armas, além de propor a criação de um banco de dados nacional integrado entre as polícias estaduais e a Polícia Federal.
O governo também estuda regras mais rígidas para o comércio de peças e componentes de armas, um dos principais gargalos que permitem o funcionamento das fábricas ilegais.
Enquanto isso, as forças de segurança seguem nas ruas — e nos laboratórios — combatendo um inimigo cada vez mais sofisticado, que transforma o país em campo de batalha de uma guerra silenciosa e permanente.
📍 Rio de Janeiro, outubro de 2025
📊 Fontes: Polícia Civil, Polícia Militar, Ministério da Justiça, Agência Brasil, PF, DAME

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