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| Foto de Arquivo: Roubos de cargas continuam a preocupar a sociedade e autoridades no Rio de Janeiro |
Por Marcos Vinicius
Segurança Pública – O roubo de cargas no estado do Rio de Janeiro voltou a preocupar autoridades, empresários e caminhoneiros, e pode representar um obstáculo perigoso à logística e ao desenvolvimento econômico local. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que, em fevereiro de 2025, foram registrados 319 casos — praticamente o dobro do mesmo mês em 2024, quando foram 160 ocorrências, o que representa um aumento de 99% em apenas um ano .
No entanto, o panorama apresenta nuances: em março de 2025, o ISP registrou 216 roubos de carga, número 2,3% menor do que em março de 2024 — o menor índice para o mês desde 1999 . Ainda assim, foi mais um mês com média de quase sete roubos por dia, preocupação constante para transportadores, autoridades e consumidores.
Um problema histórico com impactos econômicos
Segundo dados da Firjan, em 2022 o roubo de cargas gerou prejuízo estimado de R$ 388 milhões no estado, com 4.239 casos — uma média de doze por dia . Em 2023, houve queda de 24%, mas ainda assim 3.225 ocorrências — média de nove roubos por dia —, resultando em perdas avaliadas em R$ 283 milhões . Já em 2024, o ISP registrou 3.438 roubos, alta de 6,6% em relação a 2023 .
Além do prejuízo direto com mercadorias, empresas enfrentam custos indiretos altos — segurança privada, seguro, tempos de espera nas estradas — que agravam o impacto econômico.
Pontos críticos: Região Metropolitana e rodovias estratégicas
A Firjan identificou que 97% dos roubos concentram-se na Região Metropolitana do Rio . Municípios como Duque de Caxias, São João de Meriti, Belford Roxo e Penha estão entre os mais afetados, geralmente às margens das principais rodovias: BR‑040 (Dutra/Washington Luís), BR‑101 (Avenida Brasil), BR‑116 e Arco Metropolitano . Em especial, a CISP 59 – Duque de Caxias – teve crescimento de 43% nos casos em 2022, com 368 registros .
Ainda segundo a Firjan, regiões que antes eram pontos críticos—como áreas ao redor do Porto do Rio—registraram queda superior a 30% em 2023 , reforçando que intervenções bem planejadas geram resultados.
Vozes que alertam: especialistas, empresários e governo
“Percebemos que algumas ações contribuíram para a diminuição do roubo de cargas no estado, mas o número de ocorrências ainda é muito alto… É fundamental a atuação integrada das forças de segurança” — Carlos Erane de Aguiar, vice‑presidente da Firjan .
O empresário destaca que sem articulação entre Polícia Militar, Civil, Polícia Rodoviária e agentes municipal e federal, o avanço será limitado.
Do ponto de vista legal, o governador Cláudio Castro defende maior rigor nas leis:
“Estamos fazendo a nossa parte, tirando criminosos de circulação e entregando à Justiça. Mas é necessária uma legislação mais dura, que impeça a volta imediata desses bandidos às ruas”.
Em fevereiro de 2025, a queda na apreensão de fuzis — de 66 em 2024 para apenas 59 — e o crescimento de outros crimes (roubo de veículos +20%, roubos a pedestres +6%) mostram que o crime organizado espera apenas uma brecha para se diversificar .
Que estratégias ajudam a reduzir os números?
1. Operações policiais dirigidas — ações como “Torniquete” e “Impacto” têm sido creditadas pela queda nos casos em março de 2025 .
2. Integração interestadual e federal — modelo adotado em 2023 colaborou para os 24% de redução naquele ano .
3. Investimentos em segurança de infraestrutura — concessões com cláusulas de segurança nas rodovias e novos postos da PRF (como no Arco Metropolitano) amortecem a criminalidade .
4. Uso de tecnologia e inteligência — monitoramento de carga em tempo real, câmeras, rastreamento e sistemas de alerta estão se mostrando eficazes onde aplicados.
Embora março de 2025 tenha indicado um recuo — com o menor número de roubos para o mês desde 1999 —, os altos índices de começo de ano, o prejuízo acumulado e a concentração regionalizada do crime mostram que a ameaça não foi vencida. O modelo de atuação integrada, com legislação reforçada e investimento em tecnologia, é apontado por especialistas como caminho necessário para proteger as operações logísticas e a economia do estado. Sem isso, motoristas, empresas e consumidores pagarão, mais uma vez, o preço do descontrole.
Em resumo: o roubo de cargas no RJ oscila entre crises e avanços pontuais. Dados recentes apontam recordes preocupantes (aumento de 99% em fevereiro/25), mas há sinais de melhora com ações coordenadas. A questão agora é sustentar uma estratégia robusta ao longo do tempo — em estradas, leis e inteligência — para manter a estabilidade e garantir segurança econômica ao estado.