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Foto de Arquivo: Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal
Por Marcelo Procópio
STF: Na entrevista exclusiva ao The Washington Post, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pinta seu papel como o protetor inabalável da democracia brasileira, disposto a manter sua postura firme diante de pressões externas e internas .
A publicação o descreve como o “juiz que se recusa a ceder à vontade de Trump”, referindo-se às severas sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos: revogação de visto, aplicação da Lei Magnitsky e tarifas econômicas punitivas . Em resposta, Moraes cristalizou sua determinação: “Não há a menor possibilidade de recuar nem um milímetro”, afirmou ao jornal. Segundo ele, sua missão é clara: “Vamos fazer o que é certo: receberemos a denúncia, analisaremos as provas, e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido” .
Durante a entrevista, Moraes compartilhava o momento curioso em que recebeu alertas sobre uma violação de medida judicial por parte de Jair Bolsonaro enquanto assistia tranquilamente a um jogo do Corinthians — o que ressalta sua postura resoluta e vigilante, mesmo em momentos pessoais .
O texto destaca ainda seu histórico como “xerife da democracia”, munido de poderes investigativos inéditos no STF, que lhe permitem agir contra plataformas digitais — como X (antigo Twitter) —, ordenar prisões preventivas e afastar autoridades políticas que ameaçam a ordem democrática .
Para explicar sua postura ao público internacional, Moraes invocou a história brasileira: “Brasil teve anos de ditadura sob [Getúlio] Vargas, outros 20 anos de ditadura militar e inúmeras tentativas de golpe. Quando você é muito mais atacado por uma doença, forma anticorpos mais fortes e busca uma vacina preventiva” . Essa referência reforça seu argumento de que a radicalidade de suas ações se justifica pela fragilidade histórica e atual da democracia no país.
A entrevista também se respalda em depoimentos de amigos e colegas — a maioria deles anônimos — que elogiam sua atuação como necessária para conter o autoritarismo em ascensão. Ainda assim, figuras como o ex-ministro Marco Aurélio Mello, embora respeitosos de sua intenção, expressam preocupação com o acúmulo de poder e os riscos à legitimidade institucional.
Além disso, Moraes manifestou admiração pelos princípios constitucionais americanos — declarou pendurar na parede de seu gabinete a Declaração de Independência, a Bill of Rights e o preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos —, argumentando que a crise diplomática com os EUA é passageira, fruto de narrativas falsas disseminadas por figuras como Eduardo Bolsonaro, que envenenaram a percepção internacional .
A crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos se intensificou em julho de 2025, quando o governo americano aplicou sanções severas ao ministro — incluindo a Lei Magnitsky — em resposta a medidas judiciais que considerou violadoras de direitos humanos .
Em paralelo, Moraes desempenhou um papel central em crises institucionais internas: suspendeu atos do governo e do Congresso relativos ao IOF, convocando uma audiência de conciliação entre poderes — uma decisão vista como interferência judicial por opositores .
No contexto de ataques ao STF, ele atuou rapidamente: ordenou bloqueios de perfis, prisões preventivas e afastamento de agentes públicos envolvidos na tentativa de golpe e no ataque de 8 de janeiro a prédios governamentais em Brasília — comparado ao Capitólio dos EUA .
Críticos de sua atuação incluem figuras como Glenn Greenwald, que acusam Moraes de censura e abuso de poder. Por outro lado, analistas como Beatriz Rey defendem que suas ações, ainda que rigorosas, são necessárias diante da ascensão da extrema-direita e das ameaças à democracia .
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