Foto de Arquivo: Deputado Hugo Mota, presidente da Câmara dos Deputados Federais |
Por Cleide Gama
Política: A recente revelação de que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), solicitou reembolso de R$ 27 mil por um jantar com aliados políticos escancarou mais uma vez a disparidade vergonhosa entre a realidade do povo brasileiro e os privilégios da elite política. O jantar, supostamente para tratar da construção de um aeroporto em sua cidade natal, Patos (PB), custou o equivalente a quase um salário mínimo por pessoa presente — R$ 904. O evento sequer consta na agenda oficial do ministro envolvido, Silvio Costa Filho, e a assessoria do deputado permaneceu em silêncio diante da denúncia. Acrescenta ainda que 27 mil é mais do que muitos trabalhadores ganham em um ano inteiro de trabalho em nosso país.
Esse escândalo é apenas a ponta do iceberg. Em abril, outro jantar promovido por Motta e frequentado por líderes partidários, onde Mota convidou o presidente Lula, somou cerca de R$ 11 mil em bebidas refinadas como vinhos de R$ 1.200, uísques escoceses e até licor de laranja importado. Tudo isso, claro, bancado com dinheiro público.
Enquanto isso, o Congresso Nacional pressiona o Executivo a cortar gastos sociais, ameaçando programas de assistência, aposentadorias e o reajuste do salário mínimo. “É uma hipocrisia revoltante. Eles exigem sacrifícios da população mais pobre, mas não abrem mão de seus próprios privilégios”, afirmou Maria das Graças, 59 anos, aposentada, moradora de Duque de Caxias. “Meu benefício mal dá pra pagar os remédios e a feira do mês, e eles gastam em uma noite o que eu não recebo nem em um ano.”
O professor e conselheiro de políticas públicas Evandro Brasil também reagiu com indignação:
“Dá a impressão de que o Congresso virou uma ilha de luxo em meio a um país em crise. Enquanto milhões vivem com menos de R$ 10 por dia, deputados e senadores continuam usando o dinheiro da população para bancar festas, viagens e jantares. Isso não é só um desrespeito — é um crime moral. A conta sempre cai sobre os mais pobres, nunca sobre os gabinetes com ar-condicionado e privilégios ilimitados.”
É inaceitável que, em pleno 2025, ainda sejamos obrigados a assistir ao espetáculo grotesco de representantes públicos esbanjando enquanto famílias brasileiras lutam para sobreviver. O discurso da austeridade e dos cortes “necessários” se transforma em farsa diante da fartura regada a vinho importado e uísque japonês nos bastidores de Brasília.
O povo brasileiro precisa cobrar mais transparência, responsabilidade e respeito. Chega de cortar na carne do trabalhador enquanto o Congresso brinda à custa do nosso suor.
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