![]() |
| Luís Inácio Lula da Silva na abertura da COP 30 |
Por Rita Rocha
Meio ambiente: Na manhã desta quinta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez o discurso de abertura da Cúpula de Líderes da COP30, em Belém do Pará — cidade que pela primeira vez na história recebe uma conferência dessa magnitude no coração vivo da Amazônia. Lula afirmou que guerras, disputas geopolíticas e o avanço de propaganda extremista estão desviando o foco mundial do que realmente importa: evitar o colapso climático.
Segundo o presidente, enquanto países ricos gastam trilhões com armamentos e novos arsenais, a ciência continua alertando que o planeta segue em rota crítica de aumento de temperatura. Dados recentes do Programa da ONU para o Meio Ambiente apontam que, mantida a tendência atual, o mundo pode chegar ao fim do século com +2,5ºC, causando impactos econômicos, sociais e sanitários sem precedentes. Estimativas apontam possível retração de até 30% do PIB global e mais de 250 mil mortes extras ao ano por eventos climáticos extremos.
Lula criticou também o negacionismo e a fabricação de narrativas falsas que distorcem o debate ambiental para gerar vantagem eleitoral. Segundo ele, governos, empresas e cidadãos precisam reconhecer que além de “emissões” e “gigatoneladas de CO₂”, o que está em jogo é o drama concreto das pessoas — que sofrem com enchentes, secas recordes, queimadas, falta de água potável e aumento do custo dos alimentos.
O presidente ressaltou que a discussão agora se concentra em financiamento. Em 2024, na COP do Azerbaijão, ficou pactuado que os países desenvolvidos deverão liderar a mobilização anual de US$ 300 bilhões até 2035 — número que está longe do mínimo necessário. Brasil e Azerbaijão deverão apresentar o caminho para chegar à meta ideal de US$ 1,3 trilhão por ano — o que pode envolver perdão de dívidas, crédito climático, fundos soberanos verdes e novas fontes globais de arrecadação.
Lula declarou que já passou da hora de abandonar combustíveis fósseis e parar o desmatamento, lembrando que a primeira grande publicação científica alertando para o aquecimento global é de 1988, ou seja, há mais de 35 anos. Mesmo assim, o mundo só começou a admitir o problema recentemente. Para o presidente, a COP30 deve ser o “momento da verdade” — quando os acordos deixam de ser apenas diplomacia e começam a virar execução real.
Ele também destacou a força simbólica de realizar esse encontro no meio da Amazônia — onde vivem milhões de brasileiros e centenas de povos indígenas, que convivem diariamente com o desafio de desenvolver e preservar ao mesmo tempo. E pontuou que o mundo precisa responder: o que está sendo feito de fato para evitar o colapso do maior bioma tropical do planeta?
No fim do discurso, Lula agradeceu os trabalhadores que dedicaram semanas para montar a estrutura da conferência em tempo recorde. E afirmou que Belém estará no centro das decisões multilaterais de 2025 — um ano que pode redefinir o futuro do planeta.
Nota adicional / nova informação contextual inserida: – O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já publicou estudos que indicam que, se o aquecimento ultrapassar 1,5ºC, mais de 90% dos recifes de coral do mundo podem desaparecer, e o risco de escassez hídrica para mais de 3 bilhões de pessoas pode aumentar drasticamente.

Nenhum comentário:
Postar um comentário