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| Foto de Arquivo: Policiais militantes e federais estavam envolvidos no esquema |
Por Rita Rocha
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (06), uma operação que revelou um esquema criminoso dentro da própria estrutura institucional do órgão. Durante a ação — batizada de Mundemus, termo em latim que significa “vamos limpar” ou “purifiquemos” — um empresário foi preso em flagrante e quatro agentes de segurança pública passaram a ser alvo de medidas restritivas, incluindo três policiais federais (dois aposentados e um da ativa) e um policial militar.
As investigações apontam que os suspeitos utilizavam instalações e recursos ligados à Superintendência da PF no Rio de Janeiro como base para extorsão. O grupo exigia pagamentos mensais de um empresário em troca de não instaurar inquérito contra ele. Para reforçar a simulação de “proteção institucional”, os investigados chegaram a fornecer crachás, distintivos e identificação falsificada, permitindo que o empresário se passasse por agente federal.
Durante as diligências na casa do empresário, em Jacarepaguá, Zona Oeste da cidade, os investigadores apreenderam armas, munições, símbolos falsificados da PF e até um veículo blindado equipado com dispositivo sonoro de sirene e giroflex, um aparato digno de viaturas oficiais. A prisão em flagrante ocorreu também pela posse ilegal de armamento.
Outros mandados de busca foram cumpridos na Barra da Tijuca, Penha e Tijuca, além de endereços em Niterói, ligados ao PM investigado. Além do afastamento imediato das funções, os agentes tiveram aplicadas medidas cautelares como entrega de armamento pessoal, proibição de deixar o país e impedimento de manter contato entre si. Eles estão sendo enquadrados por organização criminosa, extorsão com agravante, falsidade ideológica, uso indevido de símbolos públicos e quebra de sigilo funcional.
A origem dessa nova investigação surgiu a partir de cruzamento de provas obtidas na Operação Cash Courier, deflagrada em março deste ano, que desarticulou um grupo responsável por tráfico internacional de armas — também liderado por um ex-policial federal.
A operação desta quinta-feira contou com apoio do Ministério Público Federal e da Corregedoria da Polícia Militar. Fontes internas afirmam que novas diligências não estão descartadas, e que o esquema pode ter ramificações com agentes de outros estados.
Extraoficialmente, investigadores avaliam que o caso expõe, novamente, o esforço das corregedorias em fechar o cerco contra infiltração de quadrilhas dentro das forças de segurança, um fenômeno que tem crescido com a profissionalização de organizações criminosas que buscam legitimidade e proteção usando o aparato estatal de forma clandestina.

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