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| Daniel Vocardo, dono do Banco Master foi preso hoje por fraude no mercado financeiro |
Por Marcelo Procópio
Fraude: A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) deflagraram nesta terça-feira (18) a chamada Operação Compliance Zero, após identificarem indícios de fraude na gestão do Banco Master, comandado por Daniel Vorcaro. As investigações apontam que o banco teria vendido carteiras de crédito fictícias, no valor de cerca de R$ 12,2 bilhões, ao BRB (Banco de Brasília), ao mesmo tempo em que apresentava documentos falsos ao Banco Central para sustentar o negócio.
O que foi apurado pela investigação
1. Carteiras de crédito inexistentes
Segundo os investigadores, o Master comercializou com o BRB carteiras de crédito “sem lastro real”, ou seja, papéis criados artificialmente para inflar ativos. Após fiscalização do Banco Central (BC), muitos desses títulos teriam sido substituídos por outros ativos, mas sem avaliação técnica adequada — levantando suspeitas de gestão fraudulenta.
2. Prisões e afastamentos
Daniel Vorcaro foi preso pela PF no Aeroporto de Guarulhos (SP) enquanto tentava deixar o país.
Também há mandados de prisão ou busca envolvendo outros executivos do banco em diversos estados (SP, RJ, MG, BA e Distrito Federal).
No BRB, o presidente da instituição, Paulo Henrique Costa, foi afastado.
3. Liquidação extrajudicial decretada
Na mesma data da operação, o Banco Central anunciou a liquidação extrajudicial do Banco Master — um ato que encerra suas operações, nomeando um liquidante para vender seus ativos e pagar credores, dentro da ordem legal.
O BC justificou a medida apontando “comprometimento da situação econômico-financeira”, deterioração da liquidez e descumprimento de normas bancárias.
A EFB Regimes Especiais de Empresas foi nomeada para administrar esse processo de liquidação.
Também foi incluída nessa liquidação a Master S.A. Corretora de Câmbio., segundo o BC.
4. Proteção pelo FGC
Em razão da liquidação, os clientes do Banco Master poderão recorrer ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Até R$ 250 mil por pessoa (CPF ou CNPJ) por instituição são garantidos pelo FGC para credores nesta situação.
5. Negociação frustrada com o BRB
O BRB já havia formalizado, em março de 2025, intenção de adquirir 49% das ações ordinárias e 100% das preferenciais do Master.
No entanto, o BC rejeitou o negócio em setembro, citando justamente os riscos associados aos ativos do Master, considerados “problemáticos” e com viabilidade econômica duvidosa.
Internamente, o BRB reconheceu que vinha monitorando oportunidades de expansão, mas admitiu os riscos ligados ao modelo de negócios agressivo do Master, que inclui alta captação por CDBs com remuneração bem acima do mercado.
Em julho, o BRB emitiu comunicado aos seus acionistas negando que já estivesse comprometido com a compra definitiva, apesar de manter os atos preparatórios.
Em agosto de 2025, o BRB afirmou que, para fechar o negócio, dependia de diligência satisfatória sobre ativos e passivos do Master e aprovações regulatórias (Banco Central, CADE etc.).
6. Avaliação contábil questionada
Para analistas do mercado, o balanço do Master estaria inflado. Um ex-diretor do próprio BC, ouvido pela imprensa, afirmou que muitos ativos não teriam valor real compatível com os números reportados.
Em 2024, o MPF já havia requisitado abertura de investigação para apurar possível fabricação dessas carteiras falsas.
Vorcaro já teve problemas anteriores: em outra instância regulatória, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou sua gestão por supervalorização de ativos, como no caso do fundo Brazil Realty.
7. Impacto e desdobramentos
A liquidação do Master interrompe qualquer negociação pendente, como a proposta de compra feita pelo Grupo Fictor, que havia anunciado aporte de R$ 3 bilhões para adquirir o banco poucos dias antes.
O caso levanta preocupações mais amplas sobre a solidez do sistema financeiro: a estratégia do Master de captar recursos via CDBs com taxas altíssimas (incluindo até 40% acima do mercado, segundo relatos) pesa sobre depósitos garantidos pelo FGC.
Também pode provocar pressão no Fundo Garantidor de Créditos, que precisará honrar as garantias com os credores — e há questionamentos sobre até que ponto isso é sustentável se muitos investidores afetados ultrapassarem o teto de reembolso.
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