sexta-feira, 7 de novembro de 2025

“Os Donos do Jogo” expõe bastidores do poder paralelo e reacende debate sobre a realidade do crime no Rio

 

Foto de divulgação 

Por Cleide Gama 

Ficção: A nova minissérie brasileira da Netflix, Os Donos do Jogo, vem provocando grande repercussão desde sua estreia. Em apenas 10 episódios, a produção apresenta uma narrativa de ficção inspirada em estruturas de poder, violência e alianças que cercam o jogo do bicho no Rio de Janeiro — tema que, há décadas, levanta discussões sobre crime organizado, corrupção e influência política na cidade.

Na trama, personagens centrais disputam territórios, negociam acordos nos bastidores e mantêm relações com figuras públicas, inclusive policiais e políticos, para garantir proteção e domínio comercial. Em vários momentos, os roteiristas fazem referências simbólicas a episódios históricos conhecidos do carioca, como confrontos entre “chefes do jogo”, prisões espetaculares, execuções silenciosas e — principalmente — a convivência naturalizada entre o ilegal e o institucional.

Não é difícil ao espectador lembrar de fatos reais, como os muitos assassinatos noticiados em função de conflitos na contravenção e as investigações que atingiram figuras de destaque, dentre bicheiros, no Rio ao longo das últimas quatro décadas. A série também flerta com o tema da lavagem de dinheiro usando eventos, clubes esportivos e agremiações carnavalescas — um assunto que já fez parte de inúmeras pesquisas jornalísticas e reportagens televisivas no país.

A repercussão nas redes sociais não demorou. Quem assistiu aos 10 episódios comenta que a série cria uma atmosfera “incômoda” pela semelhança com o noticiário do dia a dia.

Parece que estou vendo a história do Rio sendo contada com nomes trocados”, disse um espectador em grupos de debate sobre política e crimes.

Outra telespectadora declarou que a série funciona como uma “aula não oficial” sobre como o poder paralelo se estrutura: “Eles mostram exatamente como o crime se perpetua. Não é só violência, é articulação. E isso é exatamente o que vemos nas reportagens e nos processos judiciais”.

Há quem afirme ainda que a série deve abrir caminho para mais produções que abordem o crime no Rio de forma menos caricata e mais próxima dos bastidores reais.

Para os especialistas, esse tipo de dramaturgia tem potencial de provocar reflexão pública: sobre até que ponto os limites entre ficção e realidade, quando o tema é o jogo do bicho, realmente existem. O debate está lançado — e Os Donos do Jogo já se posiciona como uma das séries brasileiras mais comentadas do ano.


quinta-feira, 6 de novembro de 2025

COP30 em Belém: Lula cobra ação global urgente e diz que “tempo está acabando” para salvar o planeta

Luís Inácio Lula da Silva na abertura da COP 30

Por Rita Rocha 

Meio ambiente: Na manhã desta quinta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez o discurso de abertura da Cúpula de Líderes da COP30, em Belém do Pará — cidade que pela primeira vez na história recebe uma conferência dessa magnitude no coração vivo da Amazônia. Lula afirmou que guerras, disputas geopolíticas e o avanço de propaganda extremista estão desviando o foco mundial do que realmente importa: evitar o colapso climático.

Segundo o presidente, enquanto países ricos gastam trilhões com armamentos e novos arsenais, a ciência continua alertando que o planeta segue em rota crítica de aumento de temperatura. Dados recentes do Programa da ONU para o Meio Ambiente apontam que, mantida a tendência atual, o mundo pode chegar ao fim do século com +2,5ºC, causando impactos econômicos, sociais e sanitários sem precedentes. Estimativas apontam possível retração de até 30% do PIB global e mais de 250 mil mortes extras ao ano por eventos climáticos extremos.

Lula criticou também o negacionismo e a fabricação de narrativas falsas que distorcem o debate ambiental para gerar vantagem eleitoral. Segundo ele, governos, empresas e cidadãos precisam reconhecer que além de “emissões” e “gigatoneladas de CO₂”, o que está em jogo é o drama concreto das pessoas — que sofrem com enchentes, secas recordes, queimadas, falta de água potável e aumento do custo dos alimentos.

O presidente ressaltou que a discussão agora se concentra em financiamento. Em 2024, na COP do Azerbaijão, ficou pactuado que os países desenvolvidos deverão liderar a mobilização anual de US$ 300 bilhões até 2035 — número que está longe do mínimo necessário. Brasil e Azerbaijão deverão apresentar o caminho para chegar à meta ideal de US$ 1,3 trilhão por ano — o que pode envolver perdão de dívidas, crédito climático, fundos soberanos verdes e novas fontes globais de arrecadação.

Lula declarou que já passou da hora de abandonar combustíveis fósseis e parar o desmatamento, lembrando que a primeira grande publicação científica alertando para o aquecimento global é de 1988, ou seja, há mais de 35 anos. Mesmo assim, o mundo só começou a admitir o problema recentemente. Para o presidente, a COP30 deve ser o “momento da verdade” — quando os acordos deixam de ser apenas diplomacia e começam a virar execução real.

Ele também destacou a força simbólica de realizar esse encontro no meio da Amazônia — onde vivem milhões de brasileiros e centenas de povos indígenas, que convivem diariamente com o desafio de desenvolver e preservar ao mesmo tempo. E pontuou que o mundo precisa responder: o que está sendo feito de fato para evitar o colapso do maior bioma tropical do planeta?

No fim do discurso, Lula agradeceu os trabalhadores que dedicaram semanas para montar a estrutura da conferência em tempo recorde. E afirmou que Belém estará no centro das decisões multilaterais de 2025 — um ano que pode redefinir o futuro do planeta.

Nota adicional / nova informação contextual inserida: – O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já publicou estudos que indicam que, se o aquecimento ultrapassar 1,5ºC, mais de 90% dos recifes de coral do mundo podem desaparecer, e o risco de escassez hídrica para mais de 3 bilhões de pessoas pode aumentar drasticamente.




PF DESMONTA CÉLULA CRIMINOSA FORMADA POR AGENTES FEDERAIS – Empresário é preso com armas e carro blindado no Rio

Foto de Arquivo: Policiais militantes e federais estavam envolvidos no esquema 

Por Rita Rocha

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (06), uma operação que revelou um esquema criminoso dentro da própria estrutura institucional do órgão. Durante a ação — batizada de Mundemus, termo em latim que significa “vamos limpar” ou “purifiquemos” — um empresário foi preso em flagrante e quatro agentes de segurança pública passaram a ser alvo de medidas restritivas, incluindo três policiais federais (dois aposentados e um da ativa) e um policial militar.

As investigações apontam que os suspeitos utilizavam instalações e recursos ligados à Superintendência da PF no Rio de Janeiro como base para extorsão. O grupo exigia pagamentos mensais de um empresário em troca de não instaurar inquérito contra ele. Para reforçar a simulação de “proteção institucional”, os investigados chegaram a fornecer crachás, distintivos e identificação falsificada, permitindo que o empresário se passasse por agente federal.

Durante as diligências na casa do empresário, em Jacarepaguá, Zona Oeste da cidade, os investigadores apreenderam armas, munições, símbolos falsificados da PF e até um veículo blindado equipado com dispositivo sonoro de sirene e giroflex, um aparato digno de viaturas oficiais. A prisão em flagrante ocorreu também pela posse ilegal de armamento.

Outros mandados de busca foram cumpridos na Barra da Tijuca, Penha e Tijuca, além de endereços em Niterói, ligados ao PM investigado. Além do afastamento imediato das funções, os agentes tiveram aplicadas medidas cautelares como entrega de armamento pessoal, proibição de deixar o país e impedimento de manter contato entre si. Eles estão sendo enquadrados por organização criminosa, extorsão com agravante, falsidade ideológica, uso indevido de símbolos públicos e quebra de sigilo funcional.

A origem dessa nova investigação surgiu a partir de cruzamento de provas obtidas na Operação Cash Courier, deflagrada em março deste ano, que desarticulou um grupo responsável por tráfico internacional de armas — também liderado por um ex-policial federal.

A operação desta quinta-feira contou com apoio do Ministério Público Federal e da Corregedoria da Polícia Militar. Fontes internas afirmam que novas diligências não estão descartadas, e que o esquema pode ter ramificações com agentes de outros estados.

Extraoficialmente, investigadores avaliam que o caso expõe, novamente, o esforço das corregedorias em fechar o cerco contra infiltração de quadrilhas dentro das forças de segurança, um fenômeno que tem crescido com a profissionalização de organizações criminosas que buscam legitimidade e proteção usando o aparato estatal de forma clandestina.


“Os Donos do Jogo” expõe bastidores do poder paralelo e reacende debate sobre a realidade do crime no Rio

  Foto de divulgação  Por Cleide Gama  Ficção:  A nova minissérie brasileira da Netflix, Os Donos do Jogo, vem provocando grande repercussão...