segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Trump e Putin entram em cena, mas ônus da paz recai sobre a Ucrânia

Foto de Arquivo: Militares ucranianos avançam em território arrasado pelos ataques russos

Por Marcelo Procópio 

Diplomacia: Em um capítulo diplomático carregado de simbolismo, o encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder russo, Vladimir Putin, realizado em 15 de agosto de 2025, na Base Conjunta Elmendorf-Richardson, no Alasca, teve como tema central a guerra na Ucrânia . Apesar dos gestos cerimoniais — tapete vermelho, limousine compartilhada — nenhum cessar-fogo foi firmado, e as negociações permanecem envoltas em incertezas .

Segundo fontes, Putin propôs um esquema de “paz em troca de território”: a Ucrânia entregaria as regiões de Donetsk e Luhansk, e em contrapartida a Rússia congelaria sua ofensiva no sul em Kherson e Zaporizhzhia e poderia devolver pequenas áreas em Sumy e Kharkiv . Também houve reivindicação formal da soberania sobre a Crimeia, exclusão da Ucrânia da Otan, flexibilização de sanções, status oficial para o idioma russo e liberdade de atuação da Igreja Ortodoxa Russa .

Trump, por sua vez, passem de exigir um cessar-fogo como pré-condição, passou a preferir avançar diretamente para um acordo abrangente, abrindo mão de um cessar-fogo provisório . Ele afirmou que os EUA ajudariam com garantias de segurança para a Ucrânia, embora sublinhasse que grande parte da responsabilidade recairia sobre os países europeus .

Após o encontro, Trump recebeu o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, e líderes europeus em Washington, mantendo o clima diplomático ativo e sugerindo a possibilidade de uma cúpula trilateral entre EUA, Ucrânia e Rússia — ainda não confirmada por Moscou .

No front europeu, Macron e Merz exigiram que um cessar-fogo preceda qualquer negociação concreta, insistindo que as fronteiras não sejam alteradas pela força .

Enquanto isso, a presidência do Brasil, sob Luiz Inácio Lula da Silva, segue envolvida nas conversas. Em 9 de agosto de 2025, Lula conversou por cerca de 40 minutos por telefone com Putin, que o informou sobre os aspectos da reunião com Trump e os esforços de paz em curso . Lula reiterou o compromisso do Brasil com a busca por diálogo e seu papel, junto ao “Grupo de Amigos da Paz” (liderado por Brasil e China), como um facilitador possível deste processo .

Este alinhamento demonstra a continuidade de um relacionamento extenso entre Lula e Putin, fundamentado em cooperação no âmbito do BRICS e de uma “parceria estratégica” que vem se fortalecendo nos últimos meses .

Em síntese: o encontro entre Trump e Putin reacendeu negociações, mas sem avanços concretos no cessar-fogo. A Ucrânia se vê pressionada por propostas controversas, enquanto Europa exige salvaguardas firmes. O Brasil reitera seu papel diplomático, mantendo diálogo com Putin e afirmando interesse em contribuir para a paz.

O juiz que não recua nem um milímetro

Foto de Arquivo: Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal 

Por Marcelo Procópio 

STF: Na entrevista exclusiva ao The Washington Post, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pinta seu papel como o protetor inabalável da democracia brasileira, disposto a manter sua postura firme diante de pressões externas e internas .

A publicação o descreve como o “juiz que se recusa a ceder à vontade de Trump”, referindo-se às severas sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos: revogação de visto, aplicação da Lei Magnitsky e tarifas econômicas punitivas . Em resposta, Moraes cristalizou sua determinação: “Não há a menor possibilidade de recuar nem um milímetro”, afirmou ao jornal. Segundo ele, sua missão é clara: “Vamos fazer o que é certo: receberemos a denúncia, analisaremos as provas, e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido” .

Durante a entrevista, Moraes compartilhava o momento curioso em que recebeu alertas sobre uma violação de medida judicial por parte de Jair Bolsonaro enquanto assistia tranquilamente a um jogo do Corinthians — o que ressalta sua postura resoluta e vigilante, mesmo em momentos pessoais .

O texto destaca ainda seu histórico como “xerife da democracia”, munido de poderes investigativos inéditos no STF, que lhe permitem agir contra plataformas digitais — como X (antigo Twitter) —, ordenar prisões preventivas e afastar autoridades políticas que ameaçam a ordem democrática .

Para explicar sua postura ao público internacional, Moraes invocou a história brasileira: “Brasil teve anos de ditadura sob [Getúlio] Vargas, outros 20 anos de ditadura militar e inúmeras tentativas de golpe. Quando você é muito mais atacado por uma doença, forma anticorpos mais fortes e busca uma vacina preventiva” . Essa referência reforça seu argumento de que a radicalidade de suas ações se justifica pela fragilidade histórica e atual da democracia no país.

A entrevista também se respalda em depoimentos de amigos e colegas — a maioria deles anônimos — que elogiam sua atuação como necessária para conter o autoritarismo em ascensão. Ainda assim, figuras como o ex-ministro Marco Aurélio Mello, embora respeitosos de sua intenção, expressam preocupação com o acúmulo de poder e os riscos à legitimidade institucional.

Além disso, Moraes manifestou admiração pelos princípios constitucionais americanos — declarou pendurar na parede de seu gabinete a Declaração de Independência, a Bill of Rights e o preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos —, argumentando que a crise diplomática com os EUA é passageira, fruto de narrativas falsas disseminadas por figuras como Eduardo Bolsonaro, que envenenaram a percepção internacional .

A crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos se intensificou em julho de 2025, quando o governo americano aplicou sanções severas ao ministro — incluindo a Lei Magnitsky — em resposta a medidas judiciais que considerou violadoras de direitos humanos .

Em paralelo, Moraes desempenhou um papel central em crises institucionais internas: suspendeu atos do governo e do Congresso relativos ao IOF, convocando uma audiência de conciliação entre poderes — uma decisão vista como interferência judicial por opositores .

No contexto de ataques ao STF, ele atuou rapidamente: ordenou bloqueios de perfis, prisões preventivas e afastamento de agentes públicos envolvidos na tentativa de golpe e no ataque de 8 de janeiro a prédios governamentais em Brasília — comparado ao Capitólio dos EUA .

Críticos de sua atuação incluem figuras como Glenn Greenwald, que acusam Moraes de censura e abuso de poder. Por outro lado, analistas como Beatriz Rey defendem que suas ações, ainda que rigorosas, são necessárias diante da ascensão da extrema-direita e das ameaças à democracia .


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