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Foto de Arquivo: Movimento fascista se espalha pelo país |
por Marcelo Procópio
Fascismo: Vivemos um momento histórico de enorme relevância para os rumos da humanidade. O Brasil, neste exato instante, ocupa uma posição estratégica no tabuleiro global, sendo palco de uma disputa que transcende suas fronteiras e impacta diretamente os destinos do planeta. A maneira como enfrentarmos os desafios atuais determinará, sem dúvida, não apenas o nosso futuro como nação, mas também influenciará os rumos de sociedades em todo o mundo.
Infelizmente, o cenário atual é marcado pela ascensão vertiginosa de movimentos ultraconservadores e neofascistas em escala global. Ao analisarmos as contradições do capitalismo contemporâneo, torna-se evidente que, em seus períodos de crise profunda, esse sistema recorre a formas brutais de repressão, como o fascismo, para garantir sua sobrevivência e esmagar qualquer possibilidade de transformação social.
No Brasil, essa ideologia autoritária assume características ainda mais sombrias. Forjada num passado escravocrata, profundamente racista e excludente, a versão brasileira do fascismo é mais próxima do nazismo alemão do que do fascismo italiano. Sua face mais visível e organizada atende pelo nome de bolsonarismo, que representa, hoje, a principal engrenagem reacionária utilizada pelas elites econômicas e financeiras para manter seus privilégios, explorando o povo e destruindo qualquer avanço civilizatório.
Assim como no início do nazismo, o bolsonarismo é movido por um ódio irracional, visceral e violento. Alimenta-se do preconceito, da desumanização de minorias, do desprezo pelos pobres e da negação dos direitos sociais. No Brasil, os efeitos históricos do colonialismo fizeram com que o preconceito de classe e o racismo se misturassem, tornando palavras como "pobre" e "negro" praticamente sinônimos no imaginário bolsonarista.
O bolsonarismo, assim como o nazismo, não se sustenta na verdade. Vive de mentiras sistematicamente construídas, do uso perverso da desinformação, das fake news, da inversão de valores e da manipulação emocional de milhões de pessoas. Seus líderes operam uma narrativa hipócrita, onde dizem defender Deus, a família e a pátria, mas trabalham incessantemente para entregar nossas riquezas, destruir nossas instituições e submeter o Brasil à condição de colônia dos interesses estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos.
O grau de servilismo chega a ser escandaloso. Não é exagero dizer que há figuras centrais do bolsonarismo que chegaram a se mudar para os EUA, prestando serviços diretamente a figuras como Donald Trump, articulando ações que afrontam nossa soberania e que atentam contra os interesses do povo brasileiro.
Apesar de se fantasiarem de patriotas — enrolando-se na bandeira nacional, vestindo verde e amarelo, cantando o hino a plenos pulmões —, na prática são os maiores traidores da pátria já vistos na história recente. São capachos do imperialismo, vendidos, entreguistas e inimigos declarados de qualquer projeto de nação soberana, justa e desenvolvida.
Porém, o bolsonarismo não teria a força que tem se não contasse com o apoio de um poderoso aparato formado por empresários da fé. Líderes de igrejas-empresas, que se dizem representantes de Deus, mas que, na prática, exploram seus fiéis, enriquecem com a miséria alheia e usam a religião como escudo para propagar o ódio, a intolerância e a desigualdade.
Esses mercadores da fé, ao contrário do que Jesus pregou, constroem templos para pregar o egoísmo, a opressão e a submissão dos mais fracos. Seus púlpitos tornaram-se palanques políticos do autoritarismo, da mentira e do fascismo. A teologia da prosperidade que promovem é, na verdade, a teologia do individualismo, da ganância e do desprezo pelos mais pobres.
Se Jesus pregava a partilha, o amor ao próximo, a justiça e o cuidado com os mais necessitados, essas igrejas bolsonaristas representam o oposto: a adoração ao dinheiro, ao poder e à opressão. A incoerência é tão gritante que, do ponto de vista espiritual, é impossível alguém ser, ao mesmo tempo, cristão verdadeiro e bolsonarista. Assim como não se pode servir a Deus e ao diabo, não se pode seguir os ensinamentos de Jesus enquanto se abraça uma ideologia que promove o ódio, o preconceito e a morte.
Infelizmente, parte significativa da base social do bolsonarismo se encontra dentro de templos que, sob o disfarce do cristianismo, promovem práticas que, na verdade, são antiéticas, anticristãs e desumanas. Isso se dá tanto em segmentos que se autodeclaram evangélicos quanto em setores conservadores da Igreja Católica.
É preciso deixar claro: defender o bolsonarismo em nome de Deus é, no mínimo, uma blasfêmia. É uma tentativa grotesca de camuflar práticas fascistas, racistas e ultracapitalistas com uma falsa roupagem religiosa. E, sob qualquer ótica — política, moral, espiritual ou social —, isso é inaceitável.
Não podemos mais tolerar que conceitos sagrados como Deus, pátria e família sejam sequestrados por agentes do ódio, da mentira e da opressão. O bolsonarismo é, sim, a expressão contemporânea do fascismo no Brasil, e, como tal, precisa ser combatido com toda a força da sociedade que ainda preza pela justiça, pela liberdade, pela dignidade humana e pela verdadeira espiritualidade.
O poder das palavras pode tanto libertar quanto aprisionar. É preciso romper, de uma vez por todas, com as mentiras que anestesiam consciências e que sustentam esse projeto de destruição. Denunciar a hipocrisia bolsonarista é um dever de quem acredita num Brasil soberano, solidário, justo e livre.