sábado, 6 de dezembro de 2025

Milhões em risco: bloqueio de remédios emagrecedores clandestinos no Aeroporto de Brasília

Canetas utilizadas para emagrecimento - reprodução 

Por Marcelo Procópio 

Contrabando: Em operação realizada nos dias 4 e 5 de dezembro de 2025, a Receita Federal interceptou cerca de R$ 1 milhão em medicamentos emagrecedores irregulares armazenados nos depósitos de carga do Aeroporto Internacional de Brasília. No primeiro dia, foram apreendidas 70 unidades de um produto direcionado a Teresina (PI). No dia seguinte, outros 525 frascos e 90 canetas injetáveis foram confiscados — com destino a Teresina e Belém (PA). 

As cargas chegaram sem comprovação de importação legal e, além disso, estavam armazenadas sem a refrigeração obrigatória — condição essencial especialmente para fármacos sensíveis. 


Por que isso preocupa as autoridades e especialistas

O uso indiscriminado de medicamentos emagrecedores — especialmente quando importados ou distribuídos clandestinamente — representa uma ameaça real à saúde pública. Diversos estudos alertam para riscos graves: danos ao fígado, rins, sistema digestivo e até complicações cardíacas. 

Além disso, fármacos recentes e populares — como os chamados agonistas de GLP-1 — têm sido cada vez mais usados fora das indicações médicas, muitas vezes para fins estéticos. Isso eleva os perigos de efeitos adversos graves, como pancreatite, problemas intestinais e perda de massa muscular, sobretudo quando o uso é feito sem orientação de profissionais de saúde. 

O uso irregular também alimenta o mercado clandestino, ferindo normas sanitárias, fiscais e tributárias. A venda e distribuição desses medicamentos requerem registro e controle rigoroso — o que não ocorre quando entram no país via rotas não fiscalizadas. 


Opinião de especialistas — e o alerta de quem trabalha com estética

Segundo uma endocrinologista ouvida recentemente, o abuso dessas substâncias sem supervisão pode causar desde “hepatite medicamentosa” até complicações renais e disfunções no sistema digestivo e metabólico. 

O uso crescente de “fórmulas emagrecedoras” no Brasil — muitas vezes estimuladas por pressão estética, redes sociais e promessas de resultados rápidos — revela um contexto de vulnerabilidade: o país lidera o consumo mundial desse tipo de medicamento, com cerca de 12,5 doses diárias por 1.000 habitantes, segundo levantamento de 2025. 

Para o professor Evandro Brasil, pós-graduado em estética e em análises clínicas, o uso desses produtos sem prescrição, em ambiente clandestino e sem garantia de qualidade, é extremamente arriscado — tanto para a saúde individual quanto para a credibilidade do segmento estético.

Profissionais sérios na área de estética e saúde tendem a defender abordagens integradas: dieta equilibrada, exercícios, acompanhamento médico e nutricional — e vêem as soluções milagrosas como um atalho perigoso.


Contexto mais amplo: um problema crescente

Nos últimos meses, outras apreensões semelhantes chamaram a atenção das autoridades: em abril de 2025, cargas irregulares do medicamento Mounjaro (tirzepatida) foram retidas pela Receita Federal em Porto Alegre. O Mounjaro é um fármaco aprovado no Brasil para tratamento de diabetes tipo 2, com transporte e armazenamento rigorosos. Quando importado clandestinamente, ele perde a garantia de eficácia e segurança — podendo causar riscos ainda maiores. 

Esse cenário reforça como a demanda crescente por emagrecimento rápido impulsiona um mercado paralelo, fora dos controles sanitários, multiplicando os riscos para quem consome esses produtos sem orientação.


Por que isso importa

Porque a apreensão recente evidencia a dimensão do comércio clandestino de medicamentos emagrecedores, alimentado por redes de distribuição que operam longe da lei e da segurança sanitária.

Porque o uso indiscriminado dessas substâncias representa um risco real e substancial à saúde — com possibilidade de efeitos adversos graves e irreversíveis.

E porque a luta contra o contrabando não é apenas uma questão fiscal ou de justiça: é, sobretudo, uma questão de saúde pública e proteção ao consumidor.


Para o leitor

Se você ou alguém que conhece considera usar medicamentos emagrecedores, especialmente via canais clandestinos ou sem receita médica: reflita, busque orientação profissional qualificada, prefira métodos seguros e reconhecidos — e nunca arrisque sua saúde por promessas de emagrecimento fácil.


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Anúncio, Divulgação 



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