Por Marcos Vinicius
Crime Organizado: O crime organizado no Brasil tem uma longa história de adaptação e influência externa, incluindo a inspiração de filmes norte-americanos sobre máfia e gangues. A partir dos anos 1980, com a popularização dos filmes hollywoodianos, o imaginário do crime organizado no Brasil passou a ser influenciado pelas representações cinematográficas dos Estados Unidos.
Filmes clássicos como O Poderoso Chefão (1972) e Scarface (1983) não apenas se tornaram sucesso de bilheteria, mas também influenciaram a maneira como grupos criminosos brasileiros passaram a se organizar e a se enxergar. A ideia de uma hierarquia bem definida, códigos de conduta, e a noção de "família" no crime, presentes nesses filmes, começaram a ser adotadas por facções brasileiras. Termos como "chefão", "consigliere", e "soldados" entraram no vocabulário do crime organizado no Brasil, simbolizando essa influência.
Nos anos 1990 e 2000, a consolidação de grandes facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), trouxe ainda mais paralelos com as organizações mostradas nos filmes norte-americanos. Assim como os mafiosos de Hollywood, líderes de facções adotaram estratégias de expansão, influência territorial e cooptação de autoridades, com um discurso de "proteção" aos seus membros e comunidades.
Além disso, a glamorização do crime que muitos filmes trazem tem impacto na juventude das comunidades periféricas, onde, muitas vezes, a vida do crime é vista como uma forma de obter poder, status e dinheiro rápido, reproduzindo a imagem de gangsters e mafiosos mostrada nos filmes.
Porém, há diferenças importantes: enquanto a máfia norte-americana clássica tende a atuar de forma mais discreta, longe dos holofotes e com uma estrutura de comando rígida, o crime organizado no Brasil muitas vezes se envolve em atos públicos de violência extrema e tem uma estrutura mais descentralizada. Mesmo assim, as semelhanças no uso do medo, intimidação e em algumas estratégias de atuação refletem essa inspiração nos filmes.
O resultado é um cenário onde o crime organizado no Brasil é uma mistura de elementos locais, com as características da marginalidade das favelas e periferias, e a imitação do "glamour" e do poder dos filmes de gangsters dos Estados Unidos. A mídia e o entretenimento, nesse contexto, acabam por moldar e influenciar tanto o imaginário social quanto as práticas reais de grupos criminosos.
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