Resumo
A aplicação de irradiação nos alimentos é uma realidade que vem
enfrentar um problema global de contaminação alimentar, preservação das
propriedades e dos nutrientes, e ainda, prolongar a vida dos alimentos
processados e in natura etc. O
alimento irradiado garante melhor competitividade no mercado internacional e
tal tecnologia tem como principal motivador o combate a fome e a segurança
alimentar. No Brasil, existem duas legislações a respeito de alimentos
irradiados: o Decreto nº 72.718/1973, o qual estabelece normas gerais sobre
irradiação de alimentos e a Resolução ANVISA (RDC) 21/2001 que aprovou o
Regulamento Técnico para Irradiação de Alimentos.
Introdução
A temática da
alimentação é uma das grandes questões brasileiras e a irradiação de alimentos
é um dos campos de pesquisa que desponta como uma importante contribuição para
responder à emergência desta demanda. A irradiação de alimentos é uma técnica
eficaz e ambientalmente segura, que contribui para dois aspectos primordiais: a
segurança do alimento e o combate ao desperdício. O processo auxilia na
conservação e desinfecção dos alimentos, eliminando insetos e reduzindo
significativamente a carga microbiana e organismos patogênicos à saúde humana.
Ainda, o processo de irradiação de alimentos previne o brotamento, retardando o
amadurecimento de frutas, hortaliças e legumes, prolongando o tempo de vida
útil dos alimentos. Com efeito, as radiações ionizantes estão presentes no
nosso cotidiano e contribuem para melhorar a qualidade de vida da população.
A
irradiação dos alimentos tem a capacidade de destruir micro-organismos,
preservar por mais tempo, ainda tem a finalidade de eliminar insetos e retardar
o processo germinativo em produtos vegetais. Há um aumento na segurança dos
alimentos e uma diminuição nas perdas causadas por deterioração. A imaginação
das pessoas associa a radiação a efeitos sempre negativos, o que explica a
estranheza inicial ao conhecimento da prática da radiação alimentar.
(BOAVNETURA,2005).
Na indústria
dos alimentos as fontes radioativas utilizadas são Co-60 (Cobalto 60) e Cs-137 (Cesio 137) e, no processo, apenas raios gama entram em contato com o alimento, modificando
a estrutura molecular de forma a impedir a divisão celular de organismos orgânicos
sem que haja contaminação toxicológica através da radioatividade. (SILVA; ROSA,2010).
Discussão
A irradiação é uma aplicação importante para a
conservação dos alimentos, seja de origem animal, agrícola, processados
industrialmente ou in natura etc.
Batatas irradiadas, por exemplo, podem ser armazenadas por mais de um ano sem
murcharem ou brotarem.
O tratamento realizado com o uso das radiações
ionizantes em alimentos tem muitas aplicações tecnologicamente e tecnicamente
viáveis incluindo a capacidade de melhorar a segurança microbiológica, reduzir
os níveis de bactérias patogénicas, inibir a germinação de tubérculos,
aplicação fitossanitária, conservar alimentos armazenados ou a estabilidade de
armazenamento e também é utilizada para aumentar a vida de prateleira de
determinados produtos devido à redução da contaminação por microrganismos.
Nos
últimos anos, tem se verificado entre a população uma tendência crescente, pelo
consumo de alimentos minimamente processados ou livres de aditivos ou produtos
químicos, como os chamados orgânicos. Especiarias, grãos, carnes, frutas e
tubérculos são tratados pela irradiação em cerca de quarenta países atualmente
(MDS NORDION, 2006). De acordo com Horváthová e seus colaboradores em 2007,
dentre a grande variedade de produtos alimentícios, as especiarias são
frequentemente as mais irradiadas.
A
presença de patógenos microbiológicos nos alimentos é um sério problema global,
mesmo em países altamente desenvolvidos, como os Estados Unidos. Os alimentos contaminados
com patógenos humanos têm causado impactos na saúde e na economia. Segundo
dados do Centro de Controle de Doenças (CDC, 2004) a cada ano ocorrem 76
milhões de infecções, 325 mil hospitalizações, e aproximadamente 5 mil mortes
causadas por patógenos alimentares (Smith, 2004), sendo que, uma das causas
dessas mortes por doenças alimentares são infecções por bactérias como, por
exemplo, Salmonella e Campylobacter (Rela, 2000; ICGFI, 1999).
Os
especialistas do CDC estimam que a irradiação de metade de todos os alimentos
com base de carne bovina, suína e de aves, e até mesmo os processados poderiam
reduzir em 1 milhão os casos de infecções alimentares, prevenir 6 mil sérias
doenças e 350 mortes por ano (Tauxe, 2001), impactando financeiramente na saúde
pública.
O
interesse pela irradiação como tecnologia de tratamento de alimentos também tem
forte justificativa econômica devido às grandes perdas decorrentes da
infestação por insetos, contaminação e deterioração por microrganismos, além da
germinação prematura de tubérculos ou da maturação, no caso das frutas.
Estimativas da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Desenvolvimento) indicam que cerca de 25% da produção mundial de alimentos é
perdida devido à contaminação por bactérias e ação de insetos e roedores.
Porém, algumas mudanças químicas são induzidas nos alimentos como resultado da
irradiação. De fato, qualquer tratamento pelo qual um alimento seja submetido,
aquecimento ou radiação ionizante, há alteração de algumas propriedades
químicas. Portanto, é fundamental avaliar os efeitos químicos e físicos
provocados pela interação da radiação ionizante com o produto irradiado (Tauxe,
2001).
Existem diferentes métodos de conservação de alimentos
dentre eles um dos mais eficientes é o uso da irradiação, pois não aumenta
significativamente a temperatura do alimento, mantendo próximo ao seu estado
natural, diferente dos métodos tradicionais como aquecer ou enlatar que podem
causar diferentes alterações em relação a sua cor, textura, sabor e podendo
transformá-la em um produto cozido. Tratamentos químicos, térmicos e irradiação
(em alimentos que contenham gordura) podem deixar resíduos tóxicos para a saúde
humana. A aplicação da irradiação em alimentos prontos para consumo deve
ser utilizada em produtos devidamente embalados, incluindo aqueles que não
restistem ao calor. Isto significa que o tratamento com a radiação deve ser
realizado após a sua embalagem final, evitando a recontaminação ou reinfestação
do produto (Farkas, J. 2006; Castro et al., 2011).
Conclusão
A irradiação de
alimentos contribui para a segurança alimentar, reduzindo microrganismos e
parasitas patogênicos, além de contribuir para o prolongamento da vida útil dos
alimentos, reduzindo o desperdício. A irradiação de alimentos traz ainda
benefícios para a economia do país, tornando-o mais competitivo no mercado
externo. O Brasil é um grande produtor e exportador de alimentos e o processo
de irradiação é uma solução viável, também, para a eliminação de insetos
considerados pragas quarentenárias. Mas se faz necessário informar a população
sobre tais beneficios, pois, estudos apontam que é comum por parte da sociedade
vincular irradiação a catastrofes e acidentes nucleares.
Este artigo foi apresentado na Unidade Salgado de Oliveira em Niteroi por um grupo de alunos do curso Biomedicina na XI Farmacia em Foco.
Referencias
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