quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Voce sabe o que é alimento irradiado?

Resumo          
      A aplicação de irradiação nos alimentos é uma realidade que vem enfrentar um problema global de contaminação alimentar, preservação das propriedades e dos nutrientes, e ainda, prolongar a vida dos alimentos processados e in natura etc. O alimento irradiado garante melhor competitividade no mercado internacional e tal tecnologia tem como principal motivador o combate a fome e a segurança alimentar. No Brasil, existem duas legislações a respeito de alimentos irradiados: o Decreto nº 72.718/1973, o qual estabelece normas gerais sobre irradiação de alimentos e a Resolução ANVISA (RDC) 21/2001 que aprovou o Regulamento Técnico para Irradiação de Alimentos.


Introdução
A temática da alimentação é uma das grandes questões brasileiras e a irradiação de alimentos é um dos campos de pesquisa que desponta como uma importante contribuição para responder à emergência desta demanda. A irradiação de alimentos é uma técnica eficaz e ambientalmente segura, que contribui para dois aspectos primordiais: a segurança do alimento e o combate ao desperdício. O processo auxilia na conservação e desinfecção dos alimentos, eliminando insetos e reduzindo significativamente a carga microbiana e organismos patogênicos à saúde humana. Ainda, o processo de irradiação de alimentos previne o brotamento, retardando o amadurecimento de frutas, hortaliças e legumes, prolongando o tempo de vida útil dos alimentos. Com efeito, as radiações ionizantes estão presentes no nosso cotidiano e contribuem para melhorar a qualidade de vida da população.

 A irradiação dos alimentos tem a capacidade de destruir micro-organismos, preservar por mais tempo, ainda tem a finalidade de eliminar insetos e retardar o processo germinativo em produtos vegetais. Há um aumento na segurança dos alimentos e uma diminuição nas perdas causadas por deterioração. A imaginação das pessoas associa a radiação a efeitos sempre negativos, o que explica a estranheza inicial ao conhecimento da prática da radiação alimentar. (BOAVNETURA,2005).

         Na indústria dos alimentos as fontes radioativas utilizadas são Co-60 (Cobalto 60) e Cs-137 (Cesio 137) e, no processo, apenas raios gama entram em contato com o alimento, modificando a estrutura molecular de forma a impedir a divisão celular de organismos orgânicos sem que haja contaminação toxicológica através da radioatividade. (SILVA; ROSA,2010).


Discussão
A irradiação é uma aplicação importante para a conservação dos alimentos, seja de origem animal, agrícola, processados industrialmente ou in natura etc. Batatas irradiadas, por exemplo, podem ser armazenadas por mais de um ano sem murcharem ou brotarem.

O tratamento realizado com o uso das radiações ionizantes em alimentos tem muitas aplicações tecnologicamente e tecnicamente viáveis incluindo a capacidade de melhorar a segurança microbiológica, reduzir os níveis de bactérias patogénicas, inibir a germinação de tubérculos, aplicação fitossanitária, conservar alimentos armazenados ou a estabilidade de armazenamento e também é utilizada para aumentar a vida de prateleira de determinados produtos devido à redução da contaminação por microrganismos.

Nos últimos anos, tem se verificado entre a população uma tendência crescente, pelo consumo de alimentos minimamente processados ou livres de aditivos ou produtos químicos, como os chamados orgânicos. Especiarias, grãos, carnes, frutas e tubérculos são tratados pela irradiação em cerca de quarenta países atualmente (MDS NORDION, 2006). De acordo com Horváthová e seus colaboradores em 2007, dentre a grande variedade de produtos alimentícios, as especiarias são frequentemente as mais irradiadas.

A presença de patógenos microbiológicos nos alimentos é um sério problema global, mesmo em países altamente desenvolvidos, como os Estados Unidos. Os alimentos contaminados com patógenos humanos têm causado impactos na saúde e na economia. Segundo dados do Centro de Controle de Doenças (CDC, 2004) a cada ano ocorrem 76 milhões de infecções, 325 mil hospitalizações, e aproximadamente 5 mil mortes causadas por patógenos alimentares (Smith, 2004), sendo que, uma das causas dessas mortes por doenças alimentares são infecções por bactérias como, por exemplo, Salmonella e Campylobacter (Rela, 2000; ICGFI, 1999).

Os especialistas do CDC estimam que a irradiação de metade de todos os alimentos com base de carne bovina, suína e de aves, e até mesmo os processados poderiam reduzir em 1 milhão os casos de infecções alimentares, prevenir 6 mil sérias doenças e 350 mortes por ano (Tauxe, 2001), impactando financeiramente na saúde pública.

O interesse pela irradiação como tecnologia de tratamento de alimentos também tem forte justificativa econômica devido às grandes perdas decorrentes da infestação por insetos, contaminação e deterioração por microrganismos, além da germinação prematura de tubérculos ou da maturação, no caso das frutas. Estimativas da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Desenvolvimento) indicam que cerca de 25% da produção mundial de alimentos é perdida devido à contaminação por bactérias e ação de insetos e roedores. Porém, algumas mudanças químicas são induzidas nos alimentos como resultado da irradiação. De fato, qualquer tratamento pelo qual um alimento seja submetido, aquecimento ou radiação ionizante, há alteração de algumas propriedades químicas. Portanto, é fundamental avaliar os efeitos químicos e físicos provocados pela interação da radiação ionizante com o produto irradiado (Tauxe, 2001).


Existem diferentes métodos de conservação de alimentos dentre eles um dos mais eficientes é o uso da irradiação, pois não aumenta significativamente a temperatura do alimento, mantendo próximo ao seu estado natural, diferente dos métodos tradicionais como aquecer ou enlatar que podem causar diferentes alterações em relação a sua cor, textura, sabor e podendo transformá-la em um produto cozido. Tratamentos químicos, térmicos e irradiação (em alimentos que contenham gordura) podem deixar resíduos tóxicos para a saúde humana. A aplicação da irradiação em alimentos prontos para consumo deve ser utilizada em produtos devidamente embalados, incluindo aqueles que não restistem ao calor. Isto significa que o tratamento com a radiação deve ser realizado após a sua embalagem final, evitando a recontaminação ou reinfestação do produto (Farkas, J. 2006; Castro et al., 2011).


Conclusão
A irradiação de alimentos contribui para a segurança alimentar, reduzindo microrganismos e parasitas patogênicos, além de contribuir para o prolongamento da vida útil dos alimentos, reduzindo o desperdício. A irradiação de alimentos traz ainda benefícios para a economia do país, tornando-o mais competitivo no mercado externo. O Brasil é um grande produtor e exportador de alimentos e o processo de irradiação é uma solução viável, também, para a eliminação de insetos considerados pragas quarentenárias. Mas se faz necessário informar a população sobre tais beneficios, pois, estudos apontam que é comum por parte da sociedade vincular irradiação a catastrofes e acidentes nucleares.
Este artigo foi apresentado na Unidade Salgado de Oliveira em Niteroi por um grupo de alunos do curso Biomedicina na XI Farmacia em Foco.


Referencias Bibliográfica

1.      Levy, D. S.; Sordi, G. M. A. A.; e Villavicencio, A. L. C. H. Construindo pontes entre a ciencia e sociedade: divulgação cientifica sobre irradiação de alimentos. Brasilian Journal of Radiation Science (2018) Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica.
2.      Silveira, Paula Luana; e Pinhal Jr, Paulo. Uso da radiação na conservação de alimentos, Pesquisa: Universalidade do pensamento cientifico. IX Mostra de Trabalhos Acadêmicos (2015).
3.      Cardoso, Elieser de Moura. Aplicação da energia nuclear. MINISTÉRIO DA CIENCIA E TECNOLOGIA, Comissão Nacional de Energia Nuclear.
4.      Alves, Rodrigo Mendes. Segurança alimentar através da formação de 2-alcilciclobutanonas em alimentos processados por radiação ionizante.   Instituto de Pesquisa Energética e Nuclear (USP) 2016.

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