Por Marcos Vinicius
Economia: A pesca é uma atividade tradicional e de grande importância econômica e social no estado do Rio de Janeiro. Historicamente, as águas fluminenses, ricas em biodiversidade, são fonte de sustento para milhares de famílias que dependem do mar para sua sobrevivência. Porém, a pesca tem enfrentado desafios nos últimos anos, resultantes de fatores ambientais, econômicos e sociais. Este artigo aborda a atual situação da pesca no estado, trazendo dados estatísticos relevantes e depoimentos de pescadores que vivem essa realidade.
A Pesca no Rio de Janeiro em Números
Segundo dados da Federação dos Pescadores do Estado do Rio de Janeiro (FEPERJ), existem cerca de 30 mil pescadores artesanais registrados no estado, a maioria concentrada em municípios litorâneos, como Niterói, Angra dos Reis, Cabo Frio, e Campos dos Goytacazes. Esses trabalhadores são responsáveis por uma parte significativa da produção de pescado consumido no próprio estado, além de abastecerem mercados de outras regiões.
Nos últimos anos, a produção pesqueira do Rio de Janeiro tem enfrentado declínios. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção anual de pescado no estado caiu cerca de 15% nos últimos cinco anos. Entre as principais espécies capturadas estão a sardinha, o camarão, a tainha e o pargo, que são altamente demandados tanto no mercado interno quanto para exportação.
Um fator de destaque é o crescimento da pesca esportiva, que também movimenta a economia, especialmente em regiões como Cabo Frio e Angra dos Reis. Esse tipo de pesca atrai turistas nacionais e internacionais e contribui para o aquecimento de outros setores, como o hoteleiro e de serviços.
Depoimentos dos Pescadores
Apesar da importância da pesca para o estado, muitos pescadores artesanais relatam dificuldades para manter a atividade rentável. João Carlos, pescador de Niterói há mais de 30 anos, expressa sua preocupação com a redução da captura nos últimos anos:
"Antigamente, em um dia bom, conseguíamos trazer o barco cheio de peixe. Hoje, saímos por horas e voltamos com menos da metade do que conseguíamos há 10 anos. A situação está difícil, e muitos pescadores estão desistindo da profissão."
Um dos problemas apontados por João é o impacto da poluição marinha. As águas da Baía de Guanabara, uma das áreas mais tradicionais de pesca, estão sofrendo com altos níveis de contaminação, o que tem afetado a reprodução de peixes e crustáceos.
Outro pescador, Antonio Ferreira, que atua em Cabo Frio, menciona as dificuldades impostas pelas regulamentações:
"A fiscalização está muito mais rígida, e isso é bom para proteger o meio ambiente. Mas muitas vezes, nós, pescadores artesanais, somos prejudicados porque as leis não são claras e os órgãos responsáveis não nos dão o apoio necessário para entender e nos adequar."
Desafios e Oportunidades
A pesca no Rio de Janeiro enfrenta desafios que vão além da diminuição dos estoques pesqueiros. A falta de infraestrutura adequada em alguns portos, o aumento da concorrência com a pesca industrial e a necessidade de modernização da frota artesanal são problemas apontados por especialistas.
Ao mesmo tempo, há oportunidades que podem ser exploradas para fortalecer o setor. Uma delas é o investimento em projetos de aquicultura, que tem ganhado destaque em algumas regiões. Em 2023, o governo estadual anunciou o investimento de R$ 10 milhões em iniciativas voltadas à criação de peixes em cativeiro, como tilápia e tambaqui. O objetivo é diminuir a pressão sobre os estoques naturais e oferecer uma nova fonte de renda para os pescadores.
Além disso, programas de capacitação e a criação de cooperativas de pescadores têm mostrado bons resultados em algumas comunidades, ajudando a aumentar a produtividade e garantir melhores condições de trabalho.
Considerações Finais
A pesca no estado do Rio de Janeiro é uma atividade essencial, tanto do ponto de vista econômico quanto cultural. Entretanto, a sustentabilidade desse setor depende de políticas públicas eficazes, que incentivem a modernização da pesca artesanal e a proteção dos recursos naturais. O depoimento de pescadores revela a necessidade de maior diálogo entre os trabalhadores do mar, o governo e a sociedade para que essa tradição continue viva, garantindo sustento e qualidade de vida para milhares de famílias.
A busca por soluções que equilibrem a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico é o principal desafio para o futuro da pesca fluminense. Com políticas adequadas, é possível promover uma pesca mais sustentável e lucrativa para todos os envolvidos.
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