Por Marcos Vinicius
O ex-chefe da Polícia Civil e ex-deputado estadual, Álvaro Lins, foi reintegrado à instituição após 15 anos de sua demissão. A decisão, publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (23/10/2024), ocorreu após um pedido da Comissão Mista e uma revisão administrativa do Governo do Estado. O retorno de Lins à Polícia Civil foi embasado por um parecer da Comissão que analisou o processo administrativo, deferido após o ministro Kássio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretar a incompetência da Justiça Federal no caso contra o ex-delegado, invalidando os atos judiciais anteriores.
A advogada de Lins, Mariana Hallak, comemorou a decisão, ressaltando que "foi uma importante vitória que marca o reconhecimento da ilegalidade das ações anteriores". Segundo ela, o processo estava baseado em uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF), e a decisão do STF trouxe "um fato novo que impacta diretamente a validade do processo administrativo".
Apoios e Críticas da População
A medida gerou reações polarizadas. Maria Aparecida dos Santos, moradora da Zona Norte do Rio, elogiou a decisão: “Ele sempre foi um delegado muito atuante, ajudou muita gente e merece uma segunda chance. A justiça foi feita.” Assim como Maria, outros populares veem a reintegração como uma correção de injustiças passadas.
Entretanto, críticas surgiram principalmente em relação à decisão do ministro Kássio Nunes Marques. João Ricardo, advogado criminalista, declarou: “Essa anulação favorece figuras envolvidas em esquemas de corrupção, e cria um precedente perigoso. É lamentável ver uma decisão como essa em um momento em que o país luta contra a impunidade.”
Passado de Controvérsias
Álvaro Lins foi acusado de envolvimento em esquemas de corrupção durante os governos de Anthony e Rosinha Garotinho. Ele foi acusado de proteger contraventores ligados ao jogo do bicho e à exploração de máquinas caça-níqueis. Em 2009, foi demitido da Polícia Civil após um processo administrativo da Corregedoria-Geral da Secretaria de Segurança Pública, que relatou práticas como loteamento de delegacias e recebimento de propinas.
Além disso, Lins também teve o mandato de deputado estadual cassado em 2008, após denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro. Chegou a ser preso em 2008, mas foi solto no ano seguinte após um habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em 2010, ele foi condenado a 28 anos de prisão por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de bens, mas recorreu em liberdade.
O processo de reintegração do ex-delegado reacende debates sobre a moralidade de decisões judiciais que beneficiam figuras com passados controversos e coloca em pauta a transparência e o rigor no combate à corrupção.
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