sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Receita Federal apreende 91 milhões de litros de diesel em megaoperação contra fraudes no setor de combustíveis

Marinha do Brasil e Receita Federal em ação conjunta

Por Cleide Gama 

Combustíveis: Em uma ação de grande porte realizada nesta sexta-feira (26), a Receita Federal, em conjunto com a Marinha do Brasil e com apoio da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), apreendeu 91 milhões de litros de óleo diesel em dois navios que chegavam ao país. A carga, avaliada em cerca de R$ 290 milhões, tinha como destino refinarias no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Além do combustível, também foram retidos aproximadamente 115 toneladas de insumos importados, utilizados na produção de combustíveis, armazenados em contêineres. Segundo as autoridades, essa é mais uma etapa da Operação Cadeia de Carbono, deflagrada na semana passada e que já havia apreendido outras remessas suspeitas.

De acordo com informações preliminares, a fiscalização busca identificar possíveis práticas ilícitas, como:

Fraudes em notas fiscais e documentos de transporte, que simulam transações para dificultar o rastreamento pelos órgãos de controle;

Ocultação de beneficiários reais das operações de comércio exterior;

Divergências em informações prestadas pelos importadores aos órgãos reguladores;

Fluxos financeiros suspeitos que levantam dúvidas sobre a origem dos recursos usados nas operações.

Todo o material apreendido passará por perícia técnica para confirmar a composição e a qualidade do diesel importado. A Receita Federal também vai analisar se a refinaria Refit, uma das principais destinatárias da carga, atua dentro da legalidade.

As autoridades destacam que a operação tem como objetivo proteger a concorrência leal no setor de combustíveis, evitar fraudes fiscais e garantir a arrecadação de tributos, além de preservar a segurança do comércio exterior brasileiro.

Essa nova etapa reforça a ofensiva do governo contra esquemas de sonegação e irregularidades no mercado de combustíveis, um dos setores mais sensíveis da economia nacional.


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sábado, 20 de setembro de 2025

Luciano Hang aparece entre os principais financiadores de Carla Zambelli durante período foragida

Foto de Arquivo: Luciano Hang presidente da empresa Havan

Por Cleide Gama 

Polícia Federal: Um relatório da Polícia Federal (PF), encaminhado nesta sexta-feira (19) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revelou que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) recebeu apoio financeiro de aliados enquanto esteve foragida da Justiça brasileira, entre maio e junho de 2025.

Entre os nomes identificados, destaca-se o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, que transferiu R$ 5 mil via Pix para a parlamentar em 20 de maio. A contribuição foi considerada a de maior relevância dentro do período analisado, conforme apontam os investigadores.


Estrutura de arrecadação

Segundo o documento, Zambelli manteve uma estratégia organizada de financiamento por meio do site carlazambelli.com.br, registrado em seu nome. A página hospedava a campanha #JuntosComZambelli, oferecendo instruções para depósitos bancários e transferências instantâneas.

A PF identificou que, apenas entre 8 e 24 de maio, a deputada transferiu R$ 339 mil de sua conta no Itaú para outra em seu nome, na Caixa Econômica Federal. Depois do início da campanha pública de arrecadação, mais R$ 336 mil foram movimentados entre contas da parlamentar.


Além de Hang, outros financiadores ganharam destaque:

LCG Paschoalino Ltda., empresa do setor de transportes fundada em 2017;

Marcos Adolfo Tadeu Senamo Amaro, empresário e colecionador de arte, fundador do FAMA Museu.

Também foram registradas contribuições de pessoas próximas à deputada, como a secretária parlamentar Karina Zupelli Roriz dos Santos (R$ 3.187,62), o marido Antônio Aginaldo de Oliveira (R$ 2.000,00) e a apoiadora Cristiane de Brum Nunes Marin (R$ 2.000,00).


Contexto político e jurídico

Antes mesmo da fuga, Zambelli já respondia a inquérito no STF no âmbito da ação penal 2.428/DF, sob relatoria de Alexandre de Moraes, acusada de tentar obstruir investigações em andamento. Fora do país, passou a publicar críticas contra o Judiciário e a afirmar que retomaria uma postura "sem amarras impostas pela ditadura", em referência às decisões da Suprema Corte.

A PF também ressaltou que familiares da deputada participaram ativamente da divulgação da campanha de arrecadação. A mãe, Rita Zambelli, reforçou pedidos de apoio em redes alternativas como Gettr e Substack, inclusive com mensagens em inglês e italiano, combinando pedidos de doações com críticas ao STF e convocações para protestos.


Repercussões

O envolvimento de grandes empresários, como Hang, coloca em debate o limite da atuação política do setor privado e o possível enquadramento de tais contribuições dentro das normas de financiamento e apoio a agentes públicos investigados. O caso também reacende a discussão sobre a utilização de vaquinhas virtuais como ferramenta de financiamento político em momentos de crise.


Eduardo Bolsonaro e Silas Malafaia acusam relator do PL da Anistia de trair causa bolsonarista; projeto sofre mudanças



Foto de Arquivo: Eduardo Bolsonaro e seu pai, Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos por tentativa de golpe de Estado (foto: CNN)

Por Cleide Gama 

DF: O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o pastor Silas Malafaia manifestaram forte oposição, nesta sexta-feira (19), ao deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), recentemente designado relator do Projeto de Lei da Anistia na Câmara. A polêmica gira em torno da proposta original de anistia “ampla, geral e irrestrita” — alvo de consenso entre correligionários — e das alterações defendidas por Paulinho, que tenta substituir o perdão irrestrito por uma atenuação de penas para os condenados nos atos de 8 de janeiro de 2023. 

Eduardo Bolsonaro, atualmente residindo nos Estados Unidos desde fevereiro, argumentou que não abrirá mão do que chama de “justiça e liberdade” para negociar o que considera um “acordo indecoroso e infame”. Ele ainda alertou Paulinho sobre o risco de ser visto “como colaborador do regime de exceção” do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que condenou Jair Bolsonaro. 

Silas Malafaia foi igualmente contundente. Ele criticou a necessidade de “acordo com STF e Executivo” para aprovar a anistia, classificando o posicionamento como um desrespeito à Constituição. O líder religioso também mencionou que a dosagem de penas é competência do Judiciário, e não do Congresso, e que erros e perseguições políticas devem ser tratados, mas não mediante uma medida que, segundo ele, relativize crimes graves. 

Paulinho, por sua vez, defende o que chama de “PL da Dosimetria”, propondo que o texto contemple redução de pena — em maior ou menor grau — para os réus envolvidos no 8 de janeiro, sem conceder anistia total. Ele já conversou com figuras como Michel Temer e Aécio Neves para ajustar o texto, que segundo ele precisa ser palatável para múltiplos setores do Congresso e para o Supremo Tribunal Federal, visando evitar que seja declarado inconstitucional. 


Informação nova/contexto adicional:

O PL da Anistia, em sua versão de Paulinho da Força, tem enfrentado críticas tanto de bolsonaristas — que querem anistia total, inclusive para Jair Bolsonaro — quanto de governistas e de opositores que afirmam que conceder perdão pode representar afronta à lei, particularmente por conta dos danos causados e da gravidade dos atos de 8 de janeiro. 

Líderes do governo, como Jaques Wagner (PT-BA), já sinalizaram que aceitam a possibilidade de redução de penas para o “núcleo menor” ou para atores considerados de menor envolvimento nos atos, mas rejeitam anistia irrestrita. 

A expectativa é que o texto final esteja pronto para votação de mérito já na próxima semana, com tramitação também no Senado caso aprovado na Câmara. 



Nando Reis emociona ao cantar "All Star" com Chico Chico, filho de Cássia Eller

Foto de Arquivo: Nando Reis e Chico Chico celebram Cássia Elen no festival Coala (Fonte: O Povo)

Por Marcelo Procópio 

Cultura: Nando Reis voltou a emocionar seus fãs ao compartilhar um registro especial em suas redes sociais: uma apresentação ao lado de Chico Chico, filho da inesquecível Cássia Eller (1962-2001). Juntos, eles interpretaram a canção "All Star", composta por Nando especialmente para a amiga e parceira musical, eternizando uma das amizades mais marcantes da música brasileira.

Na legenda do vídeo, o cantor escreveu: “Cantando com o filho da minha melhor amiga a música que fiz para ela. Uma lembrança inesquecível ao lado de Chico Chico cantando ‘All Star Azul’, que compus para Cássia”.

A publicação rapidamente conquistou os internautas, que se mostraram comovidos com a cena. “Estou daqui de sorriso largo e emocionada! A amizade é um presente”, comentou uma fã. Outra destacou: “Passado se misturando com presente. Emocionante, de arrepiar”. E houve também quem lembrasse a cantora com carinho: “A Cássia deve estar gargalhando lá de cima. Obrigada por esse momento!”.

A canção "All Star" faz parte do álbum “Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro” (2000), segundo trabalho solo de Nando Reis, e também integra o disco póstumo de Cássia Eller, “Dez de Dezembro” (2002). Vale lembrar que Cássia eternizou diversas composições de Nando em sua voz, como "E.C.T." e "Segundo Sol", reforçando a forte ligação artística e afetiva entre os dois.

Com esse encontro, Nando e Chico não apenas prestaram homenagem a Cássia Eller, mas também reavivaram a memória de uma amizade que marcou gerações e deixou um legado profundo na música brasileira.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Trump e Putin entram em cena, mas ônus da paz recai sobre a Ucrânia

Foto de Arquivo: Militares ucranianos avançam em território arrasado pelos ataques russos

Por Marcelo Procópio 

Diplomacia: Em um capítulo diplomático carregado de simbolismo, o encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder russo, Vladimir Putin, realizado em 15 de agosto de 2025, na Base Conjunta Elmendorf-Richardson, no Alasca, teve como tema central a guerra na Ucrânia . Apesar dos gestos cerimoniais — tapete vermelho, limousine compartilhada — nenhum cessar-fogo foi firmado, e as negociações permanecem envoltas em incertezas .

Segundo fontes, Putin propôs um esquema de “paz em troca de território”: a Ucrânia entregaria as regiões de Donetsk e Luhansk, e em contrapartida a Rússia congelaria sua ofensiva no sul em Kherson e Zaporizhzhia e poderia devolver pequenas áreas em Sumy e Kharkiv . Também houve reivindicação formal da soberania sobre a Crimeia, exclusão da Ucrânia da Otan, flexibilização de sanções, status oficial para o idioma russo e liberdade de atuação da Igreja Ortodoxa Russa .

Trump, por sua vez, passem de exigir um cessar-fogo como pré-condição, passou a preferir avançar diretamente para um acordo abrangente, abrindo mão de um cessar-fogo provisório . Ele afirmou que os EUA ajudariam com garantias de segurança para a Ucrânia, embora sublinhasse que grande parte da responsabilidade recairia sobre os países europeus .

Após o encontro, Trump recebeu o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, e líderes europeus em Washington, mantendo o clima diplomático ativo e sugerindo a possibilidade de uma cúpula trilateral entre EUA, Ucrânia e Rússia — ainda não confirmada por Moscou .

No front europeu, Macron e Merz exigiram que um cessar-fogo preceda qualquer negociação concreta, insistindo que as fronteiras não sejam alteradas pela força .

Enquanto isso, a presidência do Brasil, sob Luiz Inácio Lula da Silva, segue envolvida nas conversas. Em 9 de agosto de 2025, Lula conversou por cerca de 40 minutos por telefone com Putin, que o informou sobre os aspectos da reunião com Trump e os esforços de paz em curso . Lula reiterou o compromisso do Brasil com a busca por diálogo e seu papel, junto ao “Grupo de Amigos da Paz” (liderado por Brasil e China), como um facilitador possível deste processo .

Este alinhamento demonstra a continuidade de um relacionamento extenso entre Lula e Putin, fundamentado em cooperação no âmbito do BRICS e de uma “parceria estratégica” que vem se fortalecendo nos últimos meses .

Em síntese: o encontro entre Trump e Putin reacendeu negociações, mas sem avanços concretos no cessar-fogo. A Ucrânia se vê pressionada por propostas controversas, enquanto Europa exige salvaguardas firmes. O Brasil reitera seu papel diplomático, mantendo diálogo com Putin e afirmando interesse em contribuir para a paz.

O juiz que não recua nem um milímetro

Foto de Arquivo: Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal 

Por Marcelo Procópio 

STF: Na entrevista exclusiva ao The Washington Post, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pinta seu papel como o protetor inabalável da democracia brasileira, disposto a manter sua postura firme diante de pressões externas e internas .

A publicação o descreve como o “juiz que se recusa a ceder à vontade de Trump”, referindo-se às severas sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos: revogação de visto, aplicação da Lei Magnitsky e tarifas econômicas punitivas . Em resposta, Moraes cristalizou sua determinação: “Não há a menor possibilidade de recuar nem um milímetro”, afirmou ao jornal. Segundo ele, sua missão é clara: “Vamos fazer o que é certo: receberemos a denúncia, analisaremos as provas, e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido” .

Durante a entrevista, Moraes compartilhava o momento curioso em que recebeu alertas sobre uma violação de medida judicial por parte de Jair Bolsonaro enquanto assistia tranquilamente a um jogo do Corinthians — o que ressalta sua postura resoluta e vigilante, mesmo em momentos pessoais .

O texto destaca ainda seu histórico como “xerife da democracia”, munido de poderes investigativos inéditos no STF, que lhe permitem agir contra plataformas digitais — como X (antigo Twitter) —, ordenar prisões preventivas e afastar autoridades políticas que ameaçam a ordem democrática .

Para explicar sua postura ao público internacional, Moraes invocou a história brasileira: “Brasil teve anos de ditadura sob [Getúlio] Vargas, outros 20 anos de ditadura militar e inúmeras tentativas de golpe. Quando você é muito mais atacado por uma doença, forma anticorpos mais fortes e busca uma vacina preventiva” . Essa referência reforça seu argumento de que a radicalidade de suas ações se justifica pela fragilidade histórica e atual da democracia no país.

A entrevista também se respalda em depoimentos de amigos e colegas — a maioria deles anônimos — que elogiam sua atuação como necessária para conter o autoritarismo em ascensão. Ainda assim, figuras como o ex-ministro Marco Aurélio Mello, embora respeitosos de sua intenção, expressam preocupação com o acúmulo de poder e os riscos à legitimidade institucional.

Além disso, Moraes manifestou admiração pelos princípios constitucionais americanos — declarou pendurar na parede de seu gabinete a Declaração de Independência, a Bill of Rights e o preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos —, argumentando que a crise diplomática com os EUA é passageira, fruto de narrativas falsas disseminadas por figuras como Eduardo Bolsonaro, que envenenaram a percepção internacional .

A crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos se intensificou em julho de 2025, quando o governo americano aplicou sanções severas ao ministro — incluindo a Lei Magnitsky — em resposta a medidas judiciais que considerou violadoras de direitos humanos .

Em paralelo, Moraes desempenhou um papel central em crises institucionais internas: suspendeu atos do governo e do Congresso relativos ao IOF, convocando uma audiência de conciliação entre poderes — uma decisão vista como interferência judicial por opositores .

No contexto de ataques ao STF, ele atuou rapidamente: ordenou bloqueios de perfis, prisões preventivas e afastamento de agentes públicos envolvidos na tentativa de golpe e no ataque de 8 de janeiro a prédios governamentais em Brasília — comparado ao Capitólio dos EUA .

Críticos de sua atuação incluem figuras como Glenn Greenwald, que acusam Moraes de censura e abuso de poder. Por outro lado, analistas como Beatriz Rey defendem que suas ações, ainda que rigorosas, são necessárias diante da ascensão da extrema-direita e das ameaças à democracia .


sexta-feira, 18 de julho de 2025

O Aumento de Deputados é um Retrocesso Disfarçado de Justiça Representativa

Congresso Nacional demonstra total descompromisso com o gasto público ao
aprovarem o aumento do numero de deputados proposto pela filha o Eduardo Cunha.

por Marcelo Vinícius

Brasília: A aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto que eleva o número de parlamentares federais de 513 para 531 é um ato político que desafia não apenas a lógica fiscal, mas também o bom senso democrático em um país ainda às voltas com desigualdade, fome e crise institucional. O projeto — vetado pelo presidente Lula no último dia 17 — é, na prática, um movimento corporativista disfarçado de correção representativa. O que poderia ser uma atualização da proporcionalidade entre população e representação se tornou um símbolo de insensibilidade e distanciamento do Legislativo em relação ao povo que representa.

De acordo com o Datafolha, 85% da população brasileira é contra o aumento no número de deputados. Esse dado não é apenas um termômetro de opinião pública — é um grito coletivo contra o desperdício de dinheiro público. O custo estimado da medida, segundo projeções da Câmara dos Deputados, seria de pelo menos R$ 65 milhões por ano, fora os efeitos em cascata que atingiriam os legislativos estaduais, que também aumentariam suas cadeiras proporcionalmente. Estima-se que os estados teriam um impacto adicional de R$ 2 a R$ 22 milhões, dependendo da sua estrutura e do número de novos parlamentares.

Em meio a um cenário de déficit fiscal, inflação pressionada e necessidade de corte de gastos, soa como provocação o argumento de que esse gasto seria necessário para “ajustar” a representação. A Constituição prevê sim a proporcionalidade populacional, mas não obriga o aumento total de cadeiras — bastaria redistribuir os 513 assentos atuais entre os estados, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já se preparava para fazer com base nos dados do Censo 2022.

O presidente Lula, ao vetar integralmente a proposta, alegou violação à Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000), à Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025 e ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Os ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Justiça, além da Advocacia-Geral da União, endossaram o veto, apontando ausência de estimativa de impacto financeiro — exigência básica em qualquer ampliação de despesa obrigatória.

Para o cientista político Cláudio Couto, da FGV, a proposta é “um exemplo de como interesses parlamentares podem se travestir de medidas técnicas”, enquanto a população arca com os custos e permanece sub-representada em pautas realmente urgentes, como segurança, educação e saúde. Já a economista Ana Carla Abrão, ex-secretária de Fazenda de Goiás, afirma que “num país com alta desigualdade e limites fiscais estreitos, expandir a máquina pública sem reavaliar prioridades é um convite à irresponsabilidade”.

Além disso, há um fator simbólico perverso: o Legislativo envia um recado de que é imune à crise. Enquanto milhões enfrentam desemprego, insegurança alimentar e sobrecarga de impostos, deputados propõem aumentar o próprio espaço político — sem qualquer garantia de ganho em eficiência ou qualidade legislativa.

Diante disso, é importante que o Congresso respeite o veto presidencial e reconheça que a representatividade não se mede apenas em número de cadeiras, mas em qualidade de atuação, transparência, compromisso público e respeito à austeridade. O Brasil não precisa de mais deputados. Precisa de melhores representantes.

Bolsonaro Classifica Decisão do STF como 'Humilhação Suprema' Após Colocar Tornozeleira Eletrônica

Em 6 de março o Portal UOL noticiou que já havia no STF
um pedido para que Bolsonaro utilizasse tornozeleira eletrônica

Por Marcelo Procópio

Brasília: O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou nesta sexta-feira (18) após comparecer à Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, onde foi obrigado, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), a usar tornozeleira eletrônica. Ao deixar o local, Bolsonaro desceu do veículo e conversou brevemente com a imprensa, classificando a medida como uma “suprema humilhação” e alegando que jamais cogitou deixar o Brasil ou buscar asilo em embaixadas estrangeiras: “Sair do país é a coisa mais fácil que tem, mas nunca pensei nisso.”

A decisão de impor as medidas cautelares partiu do ministro Alexandre de Moraes, que apontou risco de fuga como uma das justificativas, uma vez que Bolsonaro teve seu passaporte apreendido em fevereiro de 2024. A medida se insere no contexto da investigação que apura uma tentativa de golpe de Estado, supostamente liderada por Bolsonaro e aliados.

“O inquérito do golpe é político. Não há nada concreto. A suspeita de fuga é um exagero”, afirmou o ex-presidente. Ele também disse esperar que o processo tenha um julgamento “técnico, e não político”.

Questionado sobre os valores em dinheiro vivo encontrados em sua casa — US$ 14 mil e R$ 8 mil —, Bolsonaro alegou que sempre guardou moeda estrangeira em casa e que pode comprovar a origem dos valores. No entanto, evitou comentar sobre um pen drive encontrado em um dos banheiros da residência: “Não tenho conhecimento”.

Entre as medidas cautelares impostas estão: o uso da tornozeleira eletrônica, a proibição de sair da comarca do Distrito Federal, recolhimento domiciliar noturno entre 19h e 6h, confinamento integral aos fins de semana, proibição de uso de redes sociais e impedimento de contato com seu filho Eduardo Bolsonaro, além de diplomatas e embaixadores.

A nova etapa das investigações da Polícia Federal e as medidas autorizadas pelo STF reforçam a tensão entre os Poderes e reacendem o debate sobre os limites da atuação política de ex-mandatários investigados. A defesa de Bolsonaro já recorreu da decisão e deve apresentar novos argumentos nos próximos dias para tentar reverter as restrições.

Informações adicionais 

  • A tornozeleira foi instalada após a operação Tempus Veritatis, que investiga a tentativa de manipulação do resultado eleitoral e cooptação de militares para invalidar o pleito de 2022.

  • Bolsonaro também é investigado em outras frentes, como o caso das joias da Presidência e a falsificação de cartões de vacinação contra a COVID-19.

  • O ex-presidente continua inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023, mas mantém forte influência política junto à base conservadora.


Bolsonaro é alvo de nova operação da PF, usa tornozeleira e tem direitos políticos cada vez mais limitados

Jair Bolsonaro, por decisão da justiça, terá de usar tornozeleira eletrônica, além de cumprir outras medidas restritivas

Por Marcelo Procópio

Brasília: Nesta sexta-feira (18), a Polícia Federal realizou buscas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que passa a ser monitorado por tornozeleira eletrônica por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão faz parte de um inquérito sigiloso que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado articulada por Bolsonaro e membros de sua base política e militares.

Segundo informações da imprensa e confirmadas pela defesa do ex-presidente, os agentes da PF estiveram em sua residência em Brasília e também na sede nacional do Partido Liberal. A operação ocorre às vésperas do julgamento que pode culminar em sua prisão. Além disso, Bolsonaro foi proibido de utilizar redes sociais, comunicar-se com diplomatas estrangeiros e até mesmo de conversar com seu próprio filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente está nos Estados Unidos.

Entre as restrições impostas, Bolsonaro deverá cumprir recolhimento domiciliar noturno — das 19h às 7h — além de permanecer em casa durante os fins de semana. A decisão reforça o cerco jurídico e político contra o ex-presidente, que já foi declarado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após ser condenado por disseminar desinformação sobre o sistema eleitoral brasileiro.


Crise internacional: o impacto da sobretaxa de Trump

O agravamento da situação de Bolsonaro acontece em paralelo a um novo impasse diplomático entre Brasil e Estados Unidos. Recentemente, o ex-presidente norte-americano Donald Trump anunciou uma sobretaxa de 50% sobre produtos importados do Brasil. Em sua justificativa, Trump alegou que o país estaria "cometendo uma injustiça" contra Bolsonaro, referindo-se aos processos em andamento no STF.

Em resposta, Bolsonaro tentou se desvincular da medida, alegando que não possui "liberdade total" para influenciar Trump, mas pediu a devolução de seu passaporte — atualmente retido pela Justiça — para tentar uma “negociação direta” com o aliado americano. A solicitação foi negada. A carta de Trump mencionava diretamente os processos contra Bolsonaro como motivadores do aumento tarifário, uma atitude sem precedentes na diplomacia entre os dois países.


Isolamento político e rejeição crescente

Nos bastidores, Bolsonaro enfrenta um crescente isolamento. Governadores de direita e lideranças que antes o apoiavam publicamente passaram a adotar uma postura mais pragmática, preocupados com os impactos econômicos do tarifaço imposto pelos EUA. A pressão empresarial e o temor de novas retaliações estão forçando esses líderes a buscar interlocução com o governo Lula para reverter os prejuízos comerciais.

Além disso, o movimento bolsonarista tem enfrentado resistência até mesmo dentro de seu campo ideológico. O apoio incondicional ao ex-presidente tem se tornado cada vez mais arriscado politicamente, principalmente após os desdobramentos dos ataques golpistas de 8 de Janeiro de 2023.


Histórico de confrontos com a democracia

Desde o início de seu mandato, Jair Bolsonaro adotou uma retórica hostil às instituições democráticas. Repetidamente atacou o STF, o TSE, e desacreditou o sistema eletrônico de votação sem apresentar provas. Em diversos discursos, sugeriu a possibilidade de ruptura institucional e incentivou manifestações antidemocráticas.

Após a derrota nas eleições de 2022, Bolsonaro evitou reconhecer o resultado, estimulando a manutenção de acampamentos em frente a quartéis e sugerindo que as Forças Armadas poderiam agir para reverter o processo eleitoral. Há registros de reuniões em que o ex-presidente discutiu com militares e aliados próximos formas de anular a eleição e intervir nos tribunais.

Em fevereiro de 2024, Bolsonaro foi alvo de outra operação da Polícia Federal que mirava militares e ex-ministros supostamente envolvidos na preparação de um golpe. À época, foi obrigado a entregar seu passaporte em 24 horas.


Crimes em investigação e possível condenação

Atualmente, Bolsonaro responde a inquéritos por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, incitação ao crime, deterioração do patrimônio público e tentativa de abolir o Estado democrático de Direito por meios violentos.

Caso venha a ser condenado por todas as acusações, a pena total pode ultrapassar 40 anos de prisão, somando-se à sua condição de inelegível. Mesmo entre apoiadores históricos, cresce a avaliação de que seu futuro político está comprometido, restando a ele a tentativa de se posicionar como “perseguido político” no cenário internacional.


O atual momento marca um ponto de inflexão na trajetória de Jair Bolsonaro. De líder popular com forte presença nas redes sociais e apoio militar, ele se vê agora limitado por medidas judiciais severas, isolado politicamente e confrontado por aliados internacionais que antes o exaltavam. Resta saber se conseguirá manter sua base mobilizada diante das crescentes evidências que pesam contra ele — e se o bolsonarismo sobreviverá politicamente à derrocada de seu líder maior.


quarta-feira, 9 de julho de 2025

Itaboraí: Entre Caminhos Coloniais e Desafios Modernos, a História de um Município Fluminense

Foto de Arquivo: Santuário de Jesus Crucificado em Porto das Caixas, Itaboraí 

Por Marcos Vinicius 

Cidades: Localizado na região metropolitana do Rio de Janeiro, o município de Itaboraí carrega em sua história marcas profundas da formação do Brasil. Seu nome tem origem tupi e significa “pedra que brilha”, remetendo às riquezas naturais da região e à herança indígena que antecede a colonização portuguesa. A ocupação da área começou ainda no século XVI, com a chegada dos colonizadores europeus e o avanço do processo de interiorização da então capitania do Rio de Janeiro.

Durante o período colonial, Itaboraí desempenhou papel importante como ponto de passagem entre o litoral e o interior do estado, sendo rota estratégica para o escoamento de açúcar, gado e outros produtos. A fertilidade do solo e a abundância de rios favoreceram a agricultura e a criação de gado, tornando-se um polo econômico relevante no século XVIII. A construção de estradas e igrejas coloniais consolidou a importância regional da cidade, que viveu seu apogeu com o crescimento das fazendas e da produção agrícola.

Itaboraí foi oficialmente emancipada em 1833, desmembrando-se de Niterói. Ao longo do século XIX, manteve-se como centro agrícola, mas também passou a sofrer os impactos das transformações políticas e econômicas do país, especialmente com a chegada da República e a urbanização progressiva do estado do Rio. No século XX, a cidade viveu momentos de estagnação e crescimento irregular, refletindo os altos e baixos da industrialização e das políticas públicas estaduais e federais.

Nos últimos anos, Itaboraí voltou a ser destaque no cenário fluminense com a instalação do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), que prometia transformar a cidade em um novo polo de desenvolvimento. No entanto, a paralisação das obras e os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras frustraram grande parte das expectativas de geração de emprego e crescimento sustentável. O município, que apostava na industrialização, viu-se diante de novos desafios sociais e econômicos.

Mesmo com esses obstáculos, Itaboraí segue firme em sua trajetória, mesclando o passado colonial com os dilemas do presente. Suas igrejas históricas, casarões antigos e festas tradicionais ainda contam a história de um povo resistente, que busca no trabalho e na cultura as ferramentas para reconstruir o futuro. A cidade, que já foi rota do progresso, agora precisa reencontrar seu caminho com planejamento, inclusão social e valorização da sua rica herança histórica.


“Os Donos do Jogo” expõe bastidores do poder paralelo e reacende debate sobre a realidade do crime no Rio

  Foto de divulgação  Por Cleide Gama  Ficção:  A nova minissérie brasileira da Netflix, Os Donos do Jogo, vem provocando grande repercussão...